domingo, 7 de dezembro de 2014

Secando pratos com caxemira



Sonhei com a liberdade
Até ela tomar forma
Se antes era camuflada de nuvem
Hoje virou abrir a boca na chuva

Ou brincar com um guindaste
Fingindo ser um pássaro na cidade

Mas tem a liberdade de dentro
Que como o vento,
Canta sem dizer uma só palavra

Esse é a liberdade que me causou
Uma implosão, um vácuo
E apagou as velas
que enfeitavam as lembranças

Liberdade me tornou um pêndulo
Sem relógio

Para onde vou agora
Quando só a mim pertenço
E minha casa nunca se vai embora?

Para que serve a liberdade
Se não para ser buscada com espada e sangue?
Ou para dizer que flores são órgãos reprodutores?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Um conto sobre preguiça 3

A Batalha de Abertura


Algum daqueles mundos envenenados de personalidade se dividiu entre suas várias personificações. Surgiu, então, da savana azul, uma entidade chamada Funig. O ambiente, a savana, todo foi idealizado por Funig, ou talvez, se espelhou dela sem ter sido pensado. Era uma árida savana, azul pela pouco luz, seca de poucas tempestades, desvirtuosa de emoções. Funig era a entidade mestra, lá tudo era seu reflexo, e esta, por sua vez, era um reflexo de onde estava. 

Funig passava o dia sentada, esperando desaparecer.Desaparecer parecia melhor que existir, mas para isso seria necessária alguma dor desconhecida, e Funig temia-na. Diferenciar as estrelas parecia mais certo que desaparecer, e era isso que Funig fazia. A entidade passava as horas a arrastar galhos secos no chão, sendo conscientemente vã. O peso de existir fazia Funig espirar gases sórdidos de seu pulmão. Isso matava ainda mais aquela savana. Era uma vilã, segundo alguns, ainda que ela pedisse desculpas por sê-lo.
Algum dia, veio uma tempestade solar. Assoprou toda a poeira velha, e incandesceu os folhas secas. Surgiu Irgen. Irgen era incandescente, queimava o que tocava, feria quem estivesse ao seu redor, inspirava agressividade. Contudp, Irgen tinha enormes poderes. Além de iluminar aquela savana quando chegou, Irgen modificava a realidade. Ao longe, parecia que era o próprio espaço-tempo que vibrava ao redor da nova entidade, o tanto que seu calor parecia transformar o mundo ao seu redor.

Quando Irgen chegou, pôs suas mãos na terra e transformou tudo em fogo. E quando o fogo sessou, surgiu grama, surgiram flores, surgiram mesmo emoções coloridas do chão. Irgen, por onde estivesse, brilhava tanto que se fazia rainha. Enquanto estava lá, ela transformou aquela savana no exato jardim que jamais alguém acreditou que pudesse ser possível de se haver. Contudo, Irgen era tirana, e queimava tudo o que sai de seus planos -transformava as folhas caidas e as pedras quebradas em carvão.

Quando Irgen surgiu, Funig queimou no vão que se abriu em si mesma. Mas ela não deixou de existir. Funig está fadada à imortalidade, enquanto seu mundo existir. Entretanto, Irgen a ignorava. Irgen construiu um império sob seu total controle. E para controlá-lo, ela queimava tudo o que se atrevesse a desafiá-la. Ela se ocupava de criar todos seus caprichos por conta própria, e construí-los ou destruí-los segundo seus desejos.

De tanta força que Irgen usava, de tanto calor que ela liberava, naquele jardim não pousavam mais pássaros, a chuva evaporava antes de refrescar o chão, as flores secavam de calor. Irgen, rezavam os visitantes, era impiedosa e cruel.

Mas eventualmente, Irgen se cansou e adormeceu. Sentiu que transformar o mundo drenava-a.

Foi o momento em que Funig ressurgiu. Funig absorveu toda aquela energia, enquanto Irgen dormia. Funig virou uma enorme bolha de tanta energia que recolheu do ambiente, e este, por sua vez, começou a virar uma savana novamente.

Durante seu sono, choveu algumas emoções em Irgen. Ao despertar, Irgen viu que todo seu jardim se esvaziara de vida. E Irgen percebeu que havia uma responsável por isso.

-O que fizestes com meu jardim, ser perdido? -começou a se esquentar Irgen com Funig.
-Nada. Só tava ali. Tive medo de sair e perder tudo, então achei melhor engolir tudo antes de sumir.
-Isso não faz sentido! Como alguém pode engolir meus feitos? Devolva-os imediatamente!

Mas Irgen não sabe que Funig é incapaz de qualquer coisa, a não ser absorver e desenhar na areia. Não poderia devolver o  que ela havia absorvido. Funig, sentada, olhou para Irgen sem nada dizer.

-Se não me devolveres, tomo-lhe a força! -enfureceu-se Irgen. Sua fúria a fez brilhar. Seu brilho incandescente aumentou. Ela foi em direção a Funig e meteu a mão em seu coração. Funig era gelatinosa, enquanto Irgen era como fogo. Funig, sem nada fazer, apagou a mão de Irgen, que olhou assustada a sua impotência repentina.

-Estás a me desafiar? Ninguém me vence! -bradou Irgen. Funig a olhava indiferentemente. Irgen repetiu o golpe, porém nada mudava. Ela reacendia suas mãos a cada apagar, mas Funig também não sentia diferença.

No fundo, Funig achou que talvez fosse uma boa oportunidade de deixar de existir. Talvez o mundo devesse pertencer àquela figura forte, que por catástrofes transformava-o. Ela fechou os olhos e aguardou. A sua indiferença fez Irgen ainda mais brilhante. Socava-lhe o peito furiosa em vão. Em uma última tentativa, Irgen se jogou dentro da enorme figura de Funig. Sem ar, Irgen começou a desaparecer. Ela sentiu um enorme desespero, naqueli que parecia ser seus últimos instantes.

-Como, eu, senhora desse mundo, posso ser derrotada tão facilmente? Não, isso não é possível!


A savana escurecida, azulada, tinha, como único ponto de luz amarelada, Irgen dentro da enorme forma gelatinosa de Funig. A voz de comando de Irgen foi abafada, derrotada pela preguiça de resistir de Funig. Funig ainda tinha a esperança de não existir, dentro de si.

continua...





terça-feira, 18 de novembro de 2014

As Dúvidas

de uma mente sem lembrança, pode?


Em algum dia esquecível, mas fatídico, eu duvidei. Eu não sei depois o que aconteceu, mas sei que ainda duvido. Eu duvidei tanto que é meu moto-continuo. Tudo se apresenta para mim como um tufão, que impede que eu toque certezas me assoprando para o longe; me faz voar e enxergar dessignificados.

Dessignificados. Tudo se despe. Sobra algum fluido qualquer, que me lembra que, se o que eu duvido foi feito por uma pessoa, então foi feito por uma pessoa. Transmitimos ideias, criamos padrões, comunicamo-nos, damos valores, avaliamos -tudo duvido.

Contudo isso está tudo perdido na minha mente. Enquanto o mundo gira em valores aceitos, eu não os consigo tocar. Eu estou presa, num mundo onde o valor é uma fumaça, onde a a dúvida, ou experiência, é a moeda de troca que a minha mente me pede para continuar existindo. Graças aos céus, eu posso negociar com esta. Ainda sinto que meus abrigos estão nela. Meus abrigos, mas não eu.



-engraçado é que...

Um dia eu duvidei da mente. Ela quase deixou de existir (e não eu). E esse foi outro dia fatídico, talvez até inesquecível.

Todavia, a mente se regenera na dúvida, seu meio.

Para que eu ainda tivesse um pedaço de terra nesse caos que é o lado de fora, eu tive que me assemelhar a ele. Agora eu caço dúvidas.

-


É isso. Eu caço dúvida, pois, do contrário, eu não existo aqui fora. Eu seria apenas completa na minha desavaliação e dessignificância desmentidas. Por isso duvido tanto, e talvez me conheçam segundo minhas dúvidas.


(sem mente, talvez apenas ouvisse música e colhesse flores)


domingo, 10 de agosto de 2014

Mais um pouquinho sobre preguiça

e


tenho a impressão que algum dia eu vou morrer de preguiça. Serio! Há pessoas que morrem porque comem demais, outras que bebem demais. Parece-me que vou morrer de preguiça. Não sei como, mas deve haver um jeito.

Talvez eu não consiga trabalhar, pois estou com preguiça, e morra de fome, sem dinheiro.
Talvez meu organismo perceba minha preguiça e fique com preguiça de metabolizar e eu morra.
Talvez eu fique com preguiça de sair da cama, de acordar, até entrar em coma e, sei lá, morra.
Talvez eu morra com preguiça de colocar o sinto de segurança.
Talvez eu morra pois fiquei com preguiça de apertar o freio do carro.
Talvez eu morra de tédio.
Mas é mais provável que eu morra de internet.

Internet é fácil demais para se ter preguiça. Fácil demais para se viver dela, se aprofundar ou se realizar nela. É como um buraco negro, do qual você não consegue sair. A internet passa a habitar seus pensamentos e suas (falta de) conclusões. Estou na internet e ela em mim. Um verdadeiro câncer sem fim!

Volta eu meia eu me retiro do facebook. No início eu tenho uma ânsia "preciso... ver... facebook... p-preciso", mas, por alguma razão, eu consigo ignorar essa vontade quando eu desativo-o. Se eu passar mais de duas semanas, eu começo a voltar a adquirir minha personalidade. Sim, a internet é capaz de influenciar minhas tomadas de decisões de "vou me concentrar em tal coisa" para qualquer conjunto de n informações, me fazendo sumir em meio a pensamentos desconexos e difusos, além de serem confusos, muita vezes.
Aliás, eu fico me indagando se debaixo de toda essa preguiça ainda existe uma eu interessada em alguma coisa. Uma eu apaixonada, envolvida com alguma ideia, ou no mínimo que realiza uma atividade sem enrolar por dias.

Uma eu ainda fluente na vida real.

Sempre tenho a impressão que uma hora eu vou querer tanto uma coisa que vou surgir dessa névoa de preguiça com uma espada na mão, gritando e correndo, até que tudo fique para trás, e eu vença nessa vida!

Mas até agora nada.

Acho que devo começar a pensar num plano B para não morrer de preguiça.

Talvez eu saia um tempo da internet (leia-se redes sociais).

Talvez eu carregue comigo teaser, e me dê um choque toda vez que eu demorar mais de 5 minutos para fazer algo. Mas isso pode me dar preguiça de me dar um choque. 

Ou pior: eu posso me acostumar com o choque.

Além de tudo, a preguiça me faz me acostumar com as coisas nem tão boas da vida. "Mude não, Transnonsense, eu sei que não tá tão ruim ;)"

Ah, essa carinha ;) me dá uma raiva...

Parece que esse é o plano da preguiça; ela me olha com um olhar debochado, fala para mim que sou muito menor que ela, que se eu a deixar me arrependerei até o último nucleotídeo do meu ser, que eu dependo dela para sobreviver.

Bom, preguiça, você vai ver só, eu vou criar um plano para me livrar de você, assim que eu não tiver preguiça para tanto.


domingo, 20 de julho de 2014

Soneto

Primeiro Soneto a Outrém


Desconhecia o enfeite luminoso no peito
Envolto com carinhos de seda, de camurça
Com espontânea predileção por alguém
Que pouco viu o reflexo intríseco lhe feito

Suplícios para esvairecer-se na realidade
Auto-ditos juízos davam-lhe excusas
Luzes argumentavam com tudo o que têem
"A preciosidade está justo em m'a verdade!"

Céus, p'ra quê sementes em campinas sob águas
Se, levantando o amado candelabro assopra
Gélido esse real do fantasma imaginário

Implosão advinda das conclusões das ressalvas
Perdido num lago cinza, um vácuo, agora
Por quê, alma, és cáustica como calcário?

O Conto de Natal do Chá Mágico

pois era natal quando...


De repente, Sara misturou mais ingredientes no seu chá habitual, e o chá virou um chá mágico.

O chá mágico anti-preguiça!

Depois de beber todos dias o seu chá, Sara dominou o mundo.

Aliás, todos os mundos!

Sara descobriu passagens para novos universos, onde, com ajuda de seu chá, ergou sua bandeira pró-Sara.

Num desses universos, ela viu uma Sara-paralela que não misturou o ingrediente secreto no chá mágico anti-preguiça.

A Sara-paralela passou o resto dos seus dias (que foram muitos) lutando eternamente contra a preguiça, que nunca dominou. A vida de Sara-paralela era na internet.

Enquanto isso, Sara era uma tirana maníaca que não queria dividir seu chá.

Também, quem não seria, com tanta coragem, tirânico despreguiçado?

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Assuntos, matemática, linguagem, dúvidas existenciais...

(tudo muito louco)


Um assunto leva a outro, num degradê contínuo, em qualquer conversa. Quando criança, certa vez, ouvindo meus pais conversarem com amigos, eu disse que conversas são que nem arco-íris: as cores mudam, mas não dá pra saber exatamente onde, porém uma leva a outra devagarzinho, igual aos assuntos. Acho que minha mãe não entendeu na época, mas não vem ao caso.

Sempre imagino uma conversa top-down sobre ciências. Começa com algum fenômeno cotidiano interessante, como, sei lá, lavar a calçada. Alguém coloca as razões políticas que fazem o estado lavar ou não uma calçada. Depois, alguém fala que a sociologia explica de tal e tal forma.
Aí, da sociologia, dão razões à psicologia indivídual.
Que passa a responsabilidade às questões neurológicas.
Que pede explicações da biologia evolutiva.
Que por sua vez se sustenta no estudo do DNA, logo, da química.
Que é uma macrovisão da física quântica.
E que por último é sustentada pela matemática.

Pensava eu, então, que a matemática é o mais puro dos estudos. Entretanto, dando uma olhada nas diversas formas de álgebra que exitem para interpretar o resto dos sistemas desse mundo, eu me perguntei

Mas de onde vem essa sintaxe da matemática?

E para minha surpresa, no meu raciocínio eu encontrei o fator humano, novamente. A sintaxe é criada e associada à semântica por alguém! Lógico! Os fenômenos físicos e lógicos estão lá (e cá), mas precisa de alguém para dizer

"Essa porra aqui faz todo o sentido!"

ou um outro eureca, qualquer...

Sendo assim, chegamos na ciência da linguística para nos conduzir a outro grau das explicações. A linguística usa-se a si para se explicar, tal qual a álgebra matemática. Na verdade, uma linguagem humana "natural" pode ser capaz de se equivaler a linguística. Pense que 2+2 pode ser dito como duas maçãs junto com mais duas maçãs. Os nomes, nesse caso, das entidades  lógicas (algarismos) são inclusive os mesmos.

Pode-se dizer que a linguagem natural e a matemática travam um relação de equivalência, e, ainda que eu não consiga provar nem que sim, nem que não, como ambas tem a mesma origem (a mente humana que percebe o mundo ao seu redor) não vejo qualquer razão para elas não poderem ser equivalentes.

De tal modo, podemos dizer que, da matemática, vamos à linguística e podemos chegar na psicologia de novo.

Na verdade, só podemos avaliar a psicologia com a nossa linguagem. Então, o verdadeiro fim da recursão de estudos é a linguística, pois para provarmos uma ciência precisamos de uma outra fora dela que a explique.

O que devemos fazer, então, para provar que nossa linguagem tem corretude e completude* para descrever o mundo de forma universal e lógica?

Nada.

Ora, se vierem alienígenas que vivam no mesmo sistema físico que o nosso e compartilhassem sua linguagem conosco, não seria diferente que aprender uma língua de outro continente, de outros tempos. Haveria diferenças, claro, mas a percepção do mundo ao nosso redor (lembre-se que os aliens vieram apenas de outro plantena, onde F=m*a, igual aqui) seria semelhante. Pode ser que existisse um nome específico para a aceleração da aceleração, por exemplo, mas nada que nosso sistema não se equivale.

Por outro lado, assim como ocorre quando conhecemos gente de outro cultura, os aliens, muitíssimo provavelmente, teriam conceitos novos que poderíamos adotar e espandir nosso controle mental sobre a realidade. (Conceito nada mais é que o controle mental de algo perceptível (ou imaginário)).

Ora, se os aliens vinhessem de uma dimensão onde as regras da física e da lógica não valem, aí sim, teríamos uma expansão de sistemas que conhecemos.


Mas será que seria possível avaliar nossas linguagens perante a realidade deles?


Na verdade, a não ser que nossa realidade estivesse contida inteiramente na deles, seria como você me perguntar

"Qual é o melhor tom de azul para comer pizza?"

-Se nos depararmos com um sistema lógico que exclua o nosso será algo totalmente inútil para entendermos o último, mas não deixaria de ser interessante (ou tão mindfuck que morréssemos de agonia).


Sendo assim, existem duas possibilidades:

-não há certeza nenhuma e jamais haverá
-os aliens estão em uma realidade que contém a nossa e algo mais atrelado a essa

Daí vem ao menos duas perguntas

-por que certeza é tão bom para nunca pararmos de buscá-la, ainda que seja em vão?
-existem alienígenas?

Aliéns ou talvez algo espiritual, talvez. Ou mesmo outras dimensões maiores. Mas e se lá também houver dúvidas?

Aliás, qual é o critério de parada dessa recursão?


Por alguma razão (que talvez a biologia evolutiva já nos dê alguma explicação) nós, humaninhos, sempre estamos em busca de certezas. E por incrível que pareça, mesmo a certeza que 2+2=4, ou que o avião vai voar, ou que você existe depende de uma fé de que tudo o que já foi provado nas nossas linguagens continuará igual em qualquer futuro (ou passado).

Ah, quantas perguntas...




*Na Ciência da computação teórica, a corretude de um algoritmo pode ser afirmada quando se diz que o algoritmo é correto com respeito à determinada especificação. O termo corretude funcional se refere ao comportamento de entrada-saída do algoritimo (i.e., para cada entrada ele produz a saída correta).
(daqui)
A completude é uma propriedade de uma teoria lógica; um sistema formal é chamado de completo quando qualquer sentença verdadeira pode ser deduzida do sistema.
(dali)

domingo, 1 de junho de 2014

Um Legítimo Blablablá

Bla...


Estou meio enjoada das idéias pois não ando fazendo nada criativo, só estudando. Então, resolvi escrever para ver se algumas bolhas coloridas brotam na minha cachola sequinha...

Ah, dias atrás fiquei triste. Eu nunca fico triste, quando algo que acontece não me agrada fico colérica ou fico desesperada, ou mesmo fria e indiferente, mas nunca triste.

É estranho, me tornei mais humana, depois disso, por conhecer essa tristeza azul-cinza, como um lago enevoado. Não que tenha sido bom, mas foi, ahm, interessante.

"O que aconteceu pra tu ficar triste?"

Não vou mesmo comentar sobre isso. Fica o mistério.

Mas depois de ficar triste me atolei em estudar, hahah.


Sinto minha mente tão preto e branco que não consigo escrever nada. Não consigo nem me expressar em dizer o quão chato é esse plano linear mental. Eu preciso alternar bagunça e linearidade, me faz feliz.


Aff, ao menos algo interessante eu tenho que dizer. Que tal perguntas intimistas? Para vocês, lógico, não vou responder (agora).

-O que quero agora?
-Por que quero isso?
 ou
-Como posso não querer porra nenhuma?

-Eu realmente quero isso?
 ou
-Querer é divertido?

-O que nos move além da vontade?

-Por que acordo todo dia de manhã?

-Se eu olhar muito para minha vontade, ela desaparece?
-Ou ao contrário, ela se fortalece?
-Ou nada?

-Se eu sonhar, a realidade some?
-Se eu realizar, o sonho permanece?

-Existe limite de número de vontades?
-Existe limite de intensidade?


Querer é tão bom, quando se há esperança...

-Por que a preguiça às vezes me impede?

-Seria a preguiça uma falta de fé em si?
(acho que sim)

-Quantas coisas eu quero agora?

-O que eu já quis, consegui?



Fica, então, essa postagem que não diz nada, mas me fez sentir-me melhor! =)
Recomendo a todes sempre escreverem! Como é bom!

domingo, 20 de abril de 2014

Definições de livre arbítrio, quais são?

será que interpretamos certo a nossa liberdade?


Como toda boa filósofa prepotente de barzinho (barzinho? Não... de banquinho na sombra!) algum dia eu me questionei sobre livre arbítrio. Ora, existe ou não existe? Mito ou realidade? Estou escrevendo isso porque eu quero ou porque eu me sinto pressionada externamente a mostrar aos outros que eu também posso filosofar?

Eu bem poderia tomar um conhecimento "técnico" desse conceito tão famoso e dar minha vã opinião. E eu o farei, alguma hora. Porém, vou abster-me dessas dúvidas sobre verassidade e vou começar de um ponto que me chamou atenção -a definição de livre arbítrio.



Tem-se a idéia de que livre arbítrio é o poder de poder de decisão, ou ao menos é isso que me foi ensinado. Segundo diversas religiões, o livre arbítrio foi nos dado por Deus para que nossas ações refletissem nossa consciência, ou a falta desta, ou mesma a ignorância a esta, e então Deus poderia nos julgar. Não posso dizer com certeza se, segundo as religiões cristãs, a intenção do livre arbítrio é essa -de conferir um julgamento após um ato. Suponho, pessoalmente, que não seja esta a intenção divina, mas, sim, uma caridade aos humanos, um poder de decisão sobre o meio (logicamente, eu agora estou morrendo de vontade de focar neste subtópico, mas serei forte). Porém, tais questões estão além de meu conhecimento e indagação.

Com base nisso, há correntes que dizem que o livre arbítrio não existe, e poderia apenas ser uma invenção religiosa, ou social, para responsabilizar um ator pelos seus atos. Ao contrário, há afirmações de que as decisões do ser humano são baseadas no meio físico, nas suas necessidades e em pressões externas, por exemplo, as pressões sociais. Logo, a escolha humana adqüiria um caráter determinístico.

É claro que há n fatores que influenciam em ações humanas. Mesmo o organismo poderia influenciar, e uma pessoa com transtorno obsessivo compulsivo pode não conseguir para de realizar uma ação mesmo querendo, por exemplo. O medo de realizar uma ação que seria rejeitada numa sociedade, por exemplo, matar alguém que esteja lhe irritando, também pode ser suficiente para mudar uma escolha que seria natural de um indivíduo (o que, convenhamos, pode não ser tão ruim na prática). Os exemplos de escolha condicionada a algo externo são tantos que acredito não ser necessário repercutí-los.

Tomando por esse lado, seria quase certo que o livre arbítro não existe. Mas quem decide do que gosta? Quem decide qual música ouvir no rádio? Quem decide qual filme assistir, quando se está só? Me parece evidente que escolhas existem. Mesmo que seja apenas seu sistema nervoso dizendo algo do tipo "segundo suas memórias, isso é mais prazeroso que aquilo, então escolha isso", nós estamos em um meio -e em um corpo- que permite um certo grau de decisão. Talvez não seja mágico como alguns querem crer; não seja tão misterioso. Algorítmos inteligentes, baseados em sistemas neuronais biológicos, usam a "memória" para tomar decisões futuras. Quiçá, tristemente, não sejamos muito diferentes disso, e nosso cérebro toma suas decisões a partir de suas experiências passadas, o que não exclui o fato de uma decisão ainda ser um pensamento feito em nosso íntimo.

(morrendo de vontade de falar sobre a questão das nossas decisões serem racionais ou não... tenho que resistir)

Mas, talvez, estejamos dando uma interpretação errônea ao motivo quase místico do livre arbítrio.

Arbítrio, do latim arbitrium, segundo wikinary, quer dizer escolha, decisão; sentença; julgamento, entre outros ainda menos prováveis como atitude precedente. Mas prestemos atenção em "julgamento".

O que pensaria se lhe dissesse que você tem livre julgamento? Que cada indivíduo julga uma ação, um objeto, um sujeito de forma livre? Mudaria alguma coisa?

Mudaria o fato de que, se alguém, tomado de raiva, quisesse matar outrém, mas se contivesse, pois sabe que isso lhe causaria problemas pessoais, esse indivíduo ainda teria o mesmo julgamento sobre matar: suas ações podem não refletir sua vontade, mas seu julgamento independeria de suas ações.

Alguém poderia colocar muito bem que o meio também altera o julgamento. Graças a sociedade e a tradição, muitos julgam um casamento entre pessoas do mesmo sexo como errado -poderia-se afirmar como exemplo. Mas eu resguardo algumas dúvidas em relação a isso. Não sabemos o que há na mente de uma pessoa: esta, com medo do ostrascimo, poderia afirmar o que acha certo e errado de acordo com o que lhe é falado, mas poderia ter uma opinião íntima diferente. Poderia mesmo não execer qualquer julgamento e esperar que um conhecimento futuro desse-lhe alguma ajuda nisso. Tal indivíduo não estaria, ainda, em posso de seu livre julgamento? Afinal, o julgamento é de cada um, invisível, mostra-se apenas se o quiser (e poder).

Acredito que possamos nem sempre ter uma idéia plena de nossos juízos. O que não necessariamente vá ferir nossa liberdade em julgar, mas talvez mostre que nem tudo é preto no branco. O fato de eu não ter uma plena noção de que matar um animal para comer é realmente bom ou não pode inferir  que a moral por detrás disso dependa do sujeito. E, neste caso, podemos julgar a questão como quisermos, e nosso julgamento só dependerá de nós. Em outras palavras, nossos julgamentos podem não ser absolutos, mas isso ainda não iria terminar com a liberdade de tê-los como acharmos melhor.


Por fim, a reponsabilidade moral aparenta depender do julgamento de cada um. Ainda que, na nossa sociedade, uma sentença do Sistema seja feita a partir dos atos e considerando a intenção de um sujeito, e não apenas da intenção deste. Contudo, se nos atermos à visão religiosa, um livre julgamento reportaria exatamente por onde anda nossa consciência. Não seria conveniente, então, que nossos julgamentos fossem um conjunto separado de nossas escolhas, e que podem ser feitos livremente, escondidos (escondidos é quando mostramos quem verdadeiramente somos, não é o que dizem?) e delatando cada passo moral que tomamos apenas a nós mesmos?



Afinal, o que é livre arbítro?



sábado, 19 de abril de 2014

Postagem quase tweet



Me amo tanto, mas tanto, que se encontrar alguém igual a mim, vou achar que essa pessoa é muito melhor que eu e merece alguém superior a mim.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Medo e fantasmas

com muita raiva

Certa vez, há quase 10 anos, uma professora minha da escola contou uma história que ocorrera com uma irmã dela.
Elas moravam numa casinha no interior, com alguns irmãos, irmãs e a mãe. A irmã em questão tinha um bebezinho. E esse bebezinho, por vezes, custava a dormir. A fim de fazê-lo dormir de qualquer jeito, a mãe dele girava-o: punha ele no colo e começava, ela mesma, a girar, girar, até que a tontura fizesse o pequeno dormir.
A avó dele se preocupava com isso. Ela dizia que girar um bebê atraia más energias, não se fazia isso. A filha, incrédula, não ligava, e continuava rodando seu bebê no colo.
Até que...
Numa noite, na pequena casa, enquanto todos dormiam, a mãe daquele bebê ouviu alguma coisa e acordou. Ela ouviu, vindo de fora da casa, passos se aproximando. Desesperada, tentou acordar todas as irmãs que também dormiam naquele mesmo quarto. Mas foi em vão. Ninguém acordava.
Os passos continuaram se aproximando. Ela ouviu um vaso, perto da escada que dava para os quartos, quebrar. E os passos se aproximavam vagarosamente...
Completamente tomada pelo medo, sem conseguir acordar ninguém, aquela mulher fez a única coisa que se restava a fazer: cobriu a cabeça com o lençol e pôs-se a rezar, rezar desesperadamente!
Enquanto chorava em suas orações, a pobre moça ouviu a porta se abrir. Passos vagarosos se aproximavam dela. Mas, felizmente, suas orações pareciam ter chamado algum bom anjo. Quando, o que quer que fosse se aproximou da jovem em prantos oradores, ela sentiu que aquilo desaparecera. Timidamente, ela tirou o lençol do rosto e nada viu.
Ela nunca mais girou o bebê.






Não brinquei que foi uma professora minha que contou isso em sala de aula. Antes de dizer o porquê de alguém contar essa história para um bando de adolescentes impressionáveis, eu vou contar quais foram minhas impressões.



Eu fiquei pirada.

Para a sorte do blog, eu me encuco. Eu me encuco com coisas boas e ruins, meio que fugindo da realidade, até não aguentar mais.

Então, eu comecei a me encucar com o seguinte questionamento:
Se girar um bebê invoca um demônio, que outras ações poderiam, também, exaltar entidades do além?

Ora, girar um bebê não tem a menor relação linear com um espírito maligno vir atrás de quem girou. Por que, se tivesse, acho que daria pra compreender rapidamente, não? Será que girar um bebê abre um vórtex invisível para a matéria negra, causado pela respiração do bebê na velocidade de 4,323pi/segundo, que é a frequência do momento das ondas de energia escura, e entre a matéria escura existe um mundo paralelo, e um demônio pode se sentir convidado a tomar um chá com quem girou um bebê, ou entrou pra pescar humanos... ???

Como é que alguém vai saber disso?

(aqui, esse tema é ótimo para o que eu vou continuar a falar, perfeitamente tragicômico!)

 


Girar um bebê invoca um ser do mal. O que dirá então de olhar por debaixo da porta? Com certeza deve agitar os fantasmas!
E se olhar no espelho com um olho de noite? Sem dúvidas deve ser como uma dança da chuva para poltergeists!!!
E atender o telefone sozinha em casa, enquanto come um sanduíche? Essa desperta almas que moram debaixo da casa!
E tomar café encostada na parede entre as 16 e as 24 horas? Pode atiçar os fantasmas beberrões de café, com suas mãozinhas invisíveis botando pó de fantasma no meu café, para sugar minha sanidade!
E pisar em um número ímpar de cerâmicas para se locomover? Ah, essa eu sinto que faz um desencarnado vir atrás de mim!
E se for número par? Deve vir uma alma penada pela frente, mas e se eu só a ver quando a temperatura estiver inferior a 10 graus celsius? E entretanto esse mesmo fantasma está sugando minha energia vital e me fazendo virar um zumbi, mas eu só descobrirei quando morrer?!?!?!?
E, não restam dúvidas, dormir é um verdadeiro suicídio! É quando todos fantasmas vem te olhar e assustadoramente, mas quando você vira para os ver, eles desapareceram! Melhor não dormir, você não sabe se suas atividades corriqueiras do dia não vão despertar um espiríto mau essa noite!!! D=

E eu fiquei um bom tempinho nessa vibe...


Até o dia em que resolvi olhar bem para onde eu "sentia" que havia um fantasma (tipo, atrás da porta, ou mais comum, atrás de mim), fazer uma cara de fúria e dar um soco no ar! Ah!!! Eu briguei com todos os infames fantasmas da minha casa! Nem precisei da minha mãe para isso! (ao contrário, se ela estivesse lá, eles não apareciam).
Mandei todos aqueles fantasmas irem embora! Fiz com tanta fúria, que ninguém nunca mais ousou vir me assombrar! Vão para o inferno! Ou pro céu! Tanto faz, sumam da minha casa! Ou cabeça, tanto faz também!

E, desde então, posso ir ao banheiro e voltar sozinha, à noite, que ninguém se mete comigo. Eles sabem que se arrependerão! Sem vergonhas, esses fantasmas! Ah, também não tenho mais medo de fazer atividades comuns que possam despertar esses bichos do além. Se eu fizer algo que enfureça um desencarnado, ele vai se ver comigo!!! Minha fúria é maior!



No dia em que a professora (de filosofia!) contou aquela história para a sala, ela queria dizer algo como "há muito mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia", e que poderia haver coisas incompreensíveis por aí. Sinceramente, não sei como ela dorme à noite? De qualquer maneira, isso tudo foi a gota d'água para meus medo de situações incontroláveis. Não o tenho mais.

Ainda por cima, ela contou que quando a irmã dela acordou, naquela manhã, o vaso que ela ouvira quebrar estava intacto. Ou seja, foi um sonho!


Ah, imaginação... fazendo surgir fantasmas onde não tem (eu acho)...



sábado, 22 de fevereiro de 2014

Mini pedido de desculpas

erm...



Eu me acho. Desculpa por isso. Na verdade, eu sempre quis me achar, apesar de me achar mais, recentemente. E me sinto culpada por isso. Nem todos se acham, ou se acharão.

Volta e meia digo o que acho que está certo em uma afirmação, sem nenhum modesto "talvez", nem "quiçá" ou "quem sabe". E eu acho tudo o que acho porque eu me acho!

Desculpas, de novo.

Mas vai dar trabalho eu usar essas palavras humildes o tempo todo.

Porque, além de me achar, sou preguiçosa.

Então, perdoem-me, mas vou continuar fazendo afirmações do que acho. Afinal, o que escrevo é meu, pois fui eu que fiz, mas espero não irritar ninguém com meu achismo.

E fiquem a vontade para discordar.

Pois já que me acho, nem ligo, acho válido!


Viajando em universos, pensei...

e se houver um universo paralelo?


E eu existisse também nesse universo.
Nesse universo, será que meus pais ainda seriam os meus próprios pais, mesmo?
Se fossem outros pais, será que eu não teria outras feições?
E se fossem mesmo outros pais, teria eu outra criação, logo, outra personalidade?

E se o universo paralelo ocorresse simultamente a esse?
Meu outro eu estaria vivendo minha outra vida?
Mas e se o universo paralelo coincidir espacialmente com esse também?
E meu outro eu viver nesse mesmo planeta, nessa mesma era?
Só que eu não me reconheço pois teria outros pais, outras feições, outra personalidade.
Será que meu eu de um universo paralelo na verdade vive no mesmo universo que eu, é exatamente eu, mas eu não me reconheço?
E é paralelo apenas por causa das situações diferentes que viveu.

E se você também tiver um outro você irreconhecível?
E jamais souber disso.

Mas e se todo mundo tiver seu próprio eu de um mundo paralelo, vivendo simultaneamente, no mesmo mundo espacial, dimensional, mas noutro mundo pessoal?

E se tivermos mais de um eu paralelo?

E se forem dois, três? Quatro?
Com saber se não nos reconhecemos?

E se você for meu eu paralelo?
Ou minha mãe for meu eu paralelo?


E se muita gente for meu eu paralelo?

Mas e se todo mundo for meu eu paralelo?
E eu também seja o eu paralelo de todos.

E se todos, na verdade, somos uma só pessoa, que nasceu de outros pais, que também são essa pessoa, porém em épocas um pouco diferentes, em lugares ligeiramente distintos, ainda que seja uma pessoa só?

Quem seria eu? O que me faria ser eu em outro? Mas o que não me faz ser eu em outro?

Ora, se está num universo diferente, que tome suas decisões diferentes, pense diferente, pois nasceu de pais diferentes, logo tem uma cara diferente, uma idade diferente, um tempo diferente. Que as circustâncias nos criem!

Slawek Wojtowicz, 1997
Nos encontramos no infinito?


Como saber se não sou eu?




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sobre prazeres

com opiniões pessoais e conceitos abstratos


Eu já falei noutras postagens que aprendi um pouco a meditar. De acordo com o que li, meditar e estar conscientemente no momento presente. Isso pode parecer fácil, mas a maioria das pessoas simplesmente ignora a realidade atual delas, e vive em mundo subconsciente a maior parte do tempo! Eu vou tentar explicar melhor.

Grande parte das pessoas fica divagando sobre o futuro e/ou o passado, pensando em seus medos e desejos sem se dar conta disso. É a raiz do ego -uma entidade auto-representativa que está de acordo não com a realidade de quem somos, mas do que pensamos e interpretamos. Muitas pessoas nunca se dão conta de quem elas realmente são, muito menos de quem os outros são, ou onde elas estão, ou para aonde vão. Apenas seguem um fluxo de pensamentos praticamente autônomos em suas cabeça. Nisso, buscam incessantemente por algo que as faça felizes, que alivie seus desejos inconscientes, que as faça fugir para outros pensamentos mais suaves.

Alguém poderia perguntar "mas o que há de errado nisso?". Vou responder com uma citação:
"Não deseje e não sofra! O desejo é a alma do sofrer."
                                                     Buda               

Eu preciso afirmar que, geralmente, o ser humano evita o sofrimento e busca a felicidade?

Pois bem. Chegamos onde eu queria.


Uma vez alcançando a paz, é até fácil voltar. Mas não é trivial para alguém que nunca a tenha visto, a não ser em relances passageiros.

O espírito humano, tanto em termos espirituais quanto em termos psicológicos, procura algo que o faça feliz. Para grande parte da humanidade, ser feliz é preencher vazios com vícios, de qualquer espécie. Vícios materiais como comida, sexo capazes de fazer alguém se concentrar em um prazer momentâneo; outros vícios que fazem com que os pensamentos incessantes se tornem menos audíveis, como drogas e bebidas; vícios mais abstratos como satisfazer o orgulho em ser melhor, ou criticar os outros, ou mesmo lamuriar.

Materialisticamente falando, tem-se manias que, quando vividas, alteram as atenções da mente, ou para algum estado de êxito, que libera neurotransmissores de prazer (e isso inclui comida e orgulho massageado), ou para um estado de semiconsciência, uma evasão de fato neuronal dos sofrimentos.

Claro, alguém pertinente poderia me dizer que a paz interior também poderia configurar num vício. Digo que se o é, essa é, disparadamente, a melhor das escolhas, pois além de fazer bem a saúde, ainda impulsiona um amor para com as demais criaturinhas ao nosso redor. E ainda por cima ajuda a sermos mais eficazes em várias tarefas! Recomendo, mesmo tendo-a tão pouco experimentado (eu acho).

Voltando aos demais vícios. Quem deles é cativo, está sempre em busca de os repetir. Eu mesma, ah, comeria todo o chocolate do mundo, se pudesse (e ainda bem que existe vaidade, porque se não, pesava uns 100kg a mais!). Dependências, além de mudar configuração neuronal para algo que as espere sempre, ainda leva a uma fuga da realidade.

Já ouviram falar que pessoas ansiosas são mais propensas à obesidade?
Aqui tem 1/2 matéria sobre o assunto (literalmente 1/2 matéria, mas só li essa metade)
http://www.alimentacao-saudavel.com/ansiedade-uma-das-causas-da-obesidade-parte-1/

Pois bem, eu vou falar sobre a minha semi-ótica: quando se está ansioso, é ainda mais difícil ir para um estado de satisfação, efeito que há quando se come algo bom, uma vez que os pensamentos tomam conta do indivíduo ansioso e este não consegue prestar atenção na comida. Então, come-se mais! Uma tentativa de sentir prazer, mas cuja atenção necessária para tanto fica vaga.

Com drogas ocorre algo um pouco diferente. Provavelmente a primeira vez que alguém experimenta uma droga seja mais por curiosidade ou por alguma pressão social. Mas o bom de algo que altere sua consciência é porque é uma experiência de fuga dos pensamentos! Uma fuga da realidade da sua mente, ainda que seja para as entranhas do subconsciente, também alterado pelas drogas.

(Quando fico bêbada fico mais tagarela e risonha, além de mais inconseqüente. Mas não curto tanto, não. Eu gosto de estar em perfeita posse de mim mesma (ainda que maconha está na minha lista de experiências futuras, pshhhh...))

Por último, sobre os vícios do ego, de se por cima em relação aos outros. É algo tão complexo, já falei outras vezes, e noutro dia eu falo mais. Mas, em palavras bem generalizadas, o próprio ego é o sofrimento. São desejos e medos com base apenas em fantasias da mente. Não são possíveis de serem suprimidos, é a própria natureza de prazeres efêmeros e temorosos do ego. Ele não pode se basear em nada real sobre o que é, já que é apenas uma interpretação de quem somos, levado muito a sério por quase todos nós.

Digo isso tendo em mente que valores como dinheiro, mansões, carros, beleza ou  qualquer desses clichês são levados a sérios pelas pessoas como determinantes para a satisfação de seus egos. Mas mesmo isso varia, pois alguém pode ter mais de uma opinião sobre é belo, por exemplo. Vícios do ego...

O mais chato disso é que só se vê a matrix fora dela. Não é possível compreender o ego com ele próprio.

Basicamente, tentamos de todos os modos obter prazeres. De qualquer espécie que forem. São sempre evasões da realidade, quando não a encaramos de frente com coragem, a evitamos olhar nos olhos, com medo de sofrer, porém com a audácia de sentir algo bom. Tudo para que o que for da nossa atenção, no momento, nos satisfaça.



Porém, digo, por própria experiência, que outros prazeres (vícios menos óbvios?) como dirigir em alta velocidade, jogar, lutar, e mesmo estudar algo que se gosta, tem algo em comum com os exemplos anteriores: presta-se atenção no que se faz, no momento em que se faz. Então, que bom que se tem alguns prazeres úteis, nessa vida!



É uma questão de estar presente no momento, e encarar o que estiver acontecendo. Além do mais, são escolhas que fazemos. Podemos viver várias experiências diferentes, de quais seremos cativos?


"Eu não entendi o que é fugir? Ou o que não é fugir..."

Eu diria que não fugir é estar em plena paz interior. Não falarei sobre esta, hoje. Muito longo o assunto, fica pra próxima.

Mini auto-terapia 2

sobre para aonde vou

Uma vez eu ouvi falar que estar em barco à deriva pode enlouquecer, e que se podem passar dias, semanas meses, sem que nem ventos, nem correntezas movam um barco para outro ponto. E quando se está a bordo de veículo aquático em tal circunstância, e nada se pode fazer para mudar, algumas pessoas começam a surtar.

Eu já passei por algo assim, quando tive que trancar semestres na faculdade, duas vezes. Não tranquei porque quis, mas tive que o fazer. Por razões alheias, eu me encontrava noutra cidade, não conhecia ninguém. Também não trabalhei, nem fiz qualquer curso. Ficava em casa, olhando a internet. Parecia que eu era um fantasma, observando o mundo ao meu redor, sem interagir com ele. Via meus amigos relatando suas rotinas normais, tão comum, tão bom. Enquanto isso, eu estava à deriva, e para não enlouquecer, tive que encontrar a paz dentro mim.

Sem querer, comecei a ler algumas matérias, livros sobre meditação. Aprendi a amar o momento presente, não importando o quanto difícil este o fosse. Fiquei na paz.



Mas e se a paz for tanta que tenha apagado minhas ambições?

E se for o sofrimento que nos move para frente e avante?

Não seria a dor o motor do barco, a insatisfação o combustível, o orgulho e a vontade de ser melhor as engrenagens?

Ou, ao menos, que fossem estes as velas e o leme, e que os ventos alhures importunassem-lhe até que fugissem para águas mais calmas?

E se a calma já se fizer presente?

As velas se derrubam -cupins e descaso desmoronam-as?

Não corro o risco de afundar se vier uma tempestade?



Foi o sermão que levei da minha mãe. "Parece que tu num quer nada da vida, que vida horrível que tu ta levando! O que tu quer do teu futuro?" etc.

Mas é exatamente isso. Perdoem-me, todos, mas desde que estive à deriva e sobrevivi, nada parece me mover. Ou melhor, parece que não me movo por nada. Isso tudo me avagabundou, me deixou ainda mais comparsa da preguiça.

"Que horror, transnonsense!!!"

Por que "que horror"? Vocês, também, ou só querem saber de fofoca ou de pressões sociais de utilidade pública (com perdão à duplicidade, repare bem).


Mas está bem, eu me rendo. Eu admito que não me compraz estar tão envolvida nessa calma, nesta falta de objetividade.

"Se há algo em si que não lhe compraz, você não pode estar em paz"

Tem razão. Nisso há duas questões - a primeira diz que não me incomoda tanto assim, essa calma. A segunda diz que talvez essa paz já tenha ido embora, e agora resta uma inércia; uma preguiça. Ora, se essas velas deixaram de ser utilizadas por tanto tempo, precisam, antes de tudo, de conserto.

Ainda assim, falta-me a cólera necessária para mudar essa situação; falta-me uma voluntariedade; falta-me uma tristeza mais profunda; falta-me mesmo uma boa dose de vergonha na cara!

"Sim, vergonha na cara!"


Ignorando esse comentário, eu sinceramente desconheço solução. Quem sabe o pavor de um futuro sem frutos pudesse me mover?

Ou ter um sonho tão bom, tão puro e honesto que me tirasse do chão e me pusesse a trabalhar para alcançá-lo?


Juro que já procurei um remédio. Parece que não há muita literatura sobre como criar um sonho, apesar de que até há sobre como parar com a moleza. Talvez uma poetiza pudesse me dizer algo como "siga seu coração!". Pois a ele passo a palavra:

"AH MINHA NOSSA, QUE BOM PODER FALAR A VONTADE! Tantos anos em silêncio, tendo que me conformar com a escolha 'sensata'! Hah, agora todos saberão da minha verdade interior!"

"Pois bem, primeiro eu digo algo muito simples: eu sou feliz! Eu sou feliz por poder ver o céu, especialmente quando ele está cheio de nuvens coloridas. Eu sou feliz por ver flores, e até por tirar fotos delas. Sou feliz por sentir cada momento em mim mesmo. Sou feliz por lembrar momentos doces, e por imaginar outros ainda melhores! Sou feliz por sentir o gosto de comidas deliciosas, por sentir cheiros agradáveis e por ver paisagens bucólicas. Sou feliz em meu cerne!"

"E, apesar de sentir dores imensas em ver violências e injustiças, alguns abraços são o suficiente para que eu seja feliz de novo."

"Mas nada me faz mais feliz do que estar e conversar com quem amo! E amo tão facilmente, cada amigo, cada ser, cada sentimento feliz compartilhado, que chega a perturbar minha dona. Mas é inevitável. Eu sou feliz e quero que todos sejam felizes por isso!"

Ah, credo. Meu coração é muito mais feliz que eu. Quem sabe, talvez fôssemos uno nos tempos de infância, e quiçá ainda o sejamos quando em plena natureza e solidão. Sinceramente falando, nada me deixa mais feliz que estar sozinha em um terreno amplo, belo e cheio de vida, de verde. Mas isso é pra outra história.

Mio cuore, existe algo que você realmente deseja, que me faça querer satisfazê-lo parar não o ver triste, amado? E quem sabe, assim, eu posso voltar a me mover avante?

"Eu quero amigos, muitos amigos inteligentes que me amem =D"

...Algo mais?

"Quero que você dê um abraço naquele ~ser~"

Essa eu passo, algo mais, meu querido?

"Eu quero solidão na mata"

Essa já foi, já falei. Caralho, vei, fala algo útil!

"Eu gosto de praia e..."

Coração!

"Ah, eu gostava de física e matemática, era prazeroso... Por que você nunca mais se concentrou direito nessas artes naturais? =3"

É, né? Verdade. Eu não tenho estudado com o coração! Só com a mente. Mas por que? Por que você não se mete no meio e me dá aquele prazer imenso, novamente? Me fazia tirar notas melhores e até querer estudar mais!


"Para me usar, basta esquecer do mundo de fora e estar apenas no presente, seja pensando numa arte, seja sentindo um cheiro; seja criando um poema ou abraçando mamãe! Só se concentre naquilo! Você amará comigo =)"


Ai, coração, te amo!


"Não, eu me amo 8D"


Sim, isso! Lindo coração! Isso, seja voluntarioso, nos guie onde há sucesso!


"Não esqueça de dar 'aquele' abraçooo! heheh... Aproveita e faz um poema, uma música!"


Eu não vou dar abraço, coração. Mas por favor, não desista de mim! Continue insistindo nisso e em tudo mais!




E assim, me sinto sinceramente melhor... feliz!






sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Mini-auto-terapia

(mentira, desabafo)


Talvez hoje seja meu aniversário. Bem, se for, isso explica porque eu estou com esta melancolia meio azeda...

"Mas que vc tá sentindo, transnonsense?"
(hoje meu alter ego interpretativo de leitor vai ser legal comigo, ok?)

Ah, pessoa que lê... eu não paro de ficar mais velha. E, pior, sinto que não estou aproveitando meu tempo direito. Meu tempo de vida!

"E o que é aproveitar o tempo para você?"

Ahm... não sei. Mas sinto que não o estou fazendo. Então, deixe-me ver se aproveitar o tempo direito está entre as seguintes coisas que eu não estou fazendo:

-ter um objetivo bem determinado e ir à luta atrás dele!
-ter disciplina, estudar e tirar excelentes notas!
-fazer atividades que me façam crescer profissionalmente

"Só trabalho, transnonsense, tu num tem coração, é?"

Ah, obrigada por perguntar, vontade de desabafar, mas eu tenho uma p*** falta de coragem pra falar dessas coisas, com qualquer um que seja...

"Deixa de ser fresca, caralho!"

Pensei que você fosse ser legal comigo, poxa, talvez hoje seja meu aniversário!

"Blablabla... Fala logo, o que é que você tem vergonha de falar?"

...

"Vai logo, fresca veia!"

Não, sem veia, não acabei de falar que talvez hoje fosse meu aniversário e to sensível com minha idade?

"Cara, vou embora... "

Espera! Tá... vou falar

"Oba, fofoca!"

Eu não agüento mais as porras dos meus amores platônicos, cuja freqüência é de 1/4 anos!!!!!  Não agüento mais tanto romantismo vão! Mesmo esse romantismo descaracterizado, onde eu me sinto vassala! Pronto falei. ME JULGUE!

"Como seu próprio alter ego, o que posso dizer é que não tenho julgamento."

Não?

"Não, tu tens, por acaso?"

Não...

"Então, como é que eu vou criar um do nada? Outro que leia, mais competente em julgamentos, que o dissesse!"

Sua franqueza é inútil, sai daqui!


Enfim sós, eu e você leitor que não sou eu me fingindo de leitora sindrome de wilson?

Não suporto mais meus amores platônicos (eu tenho uma observação muito importante: já vi duas pessoas acharem que amor platônico é aquele amor romântico mas em segredo. Não é o que eu acho, nem o que Platão achava. Eu achava que era aquele amor que faz você fazer o bem à pessoa que ama, sem esperar nada em troca, mas sem ser necessariamente romântico. Poderia ser aos pais, amigos etc. Platão achava isso também. u.u Mas eu vou usar na concepção dos errôneos, por falta de um termo melhor, só hoje. Afinal, hoje eu, talvez, possa fazer o que eu quiser, já que, talvez, seja meu aniversário!)...

Nem lembro mais o que eu ia falar...
Ah, acho que eu ia dizer que isso me faz sofrer, e a vergonha é tanta que não me faz chegar a lugar nenhum, mesmo que meu coração frouxo diga, para minha cabeça, o que ele quer.

"AH MINHA NOSSA, ABRAÇA ESSA CRIATURA!"
diz meu coração

e meu cérebro responde
"ERRO ERRO ERRO ERRO ERRO"

e o resto do meu corpo entra num colapso, com direito a adrenalina e cortisol correndo soltos.
Ai, que mal à saude! Quem mais sofre é o fígado e o estômago. Mas não segundo o coração, que diz que é ele mesmo.



Mas é um fato, às vezes tenho vontade de abraçar pessoas! Terrível! Como não queria poder abraçar? Bem que isso poderia ser um hábito normal, e ninguém achasse estranho ou inconveniente. Maldição! Por que não é assim?

Até falaria sobre quem detém as atenções do meu coração. Falaria se estivesse bêbada. Não é hoje!




E o que mais eu não fiz nesses tempos?


Ah, mas até que conheci mais gente.
Mesmo viajar, viajei. Não tanto quanto gostaria, mas fui ver novos horizontes! E ainda por cima por mérito próprio! Essa era novidade!

Comecei projetos mirabolantes! Porém não terminei nenhum... alguns nem chegaram à metade. Isso me dói, também.


Eu faltei com a coragem. Sim, a coragem, à quem eu dou tanta consideração. Coragem, fé  -faltei com as duas.
A maior dor parece ser essa condição de falta de coragem que ocorre quando se pensa em um "e se não..." que nunca mais se silencia. Essa dor, travestida de realismo, não passa de um medo da frustação.

Por que frustação assusta tanto?
Por que guardar tantos mantimentos internos para o caso da vinda dessa chaga?
Será que desta vez terei o ânimo de trocar o "e se não..." por um "e se não... mas vai de qualquer jeito!"?



Eu não tenho uma conclusão para esse texto. Na verdade, ele está quase do  jeito que me foi saindo da cachola.


E vocês, da irmandade, o que sentem quando é, talvez, vossos aniversários?


E quantos anos parece que eu tenho, com esse texto?



sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sobre nada, apenas as águas do que estou sentindo

nada, não, só nadando


Daqui a menos de uma semana é meu aniversário. Poxa, de novo? Não dava pra ser ano sim, ano não, pelo menos? Não dava pra dar uma congeladinha, no mínimo?

Pena que não há nada para me ouvir. O que diria o tempo?
"To passando, abram alas. Se não abrir vou atropelar. ~~~ Eu disse que iria atropelar!"

Ok, mais um vinte e x. Ok, ok.

Acho que há algumas lacunas na estrada da minha vida, e que estão me fazendo sentir como se eu não estivesse usufruindo da vida completamente.

Essencialmente, estive num vazio de vontade:

É um escuro.
Sabe o que vem do escuro?
Eu não, não sabia.
Agora sei, vem o medo.

Sabe o que vem do medo?
Nada.
Mas permanece o medo,
Tem gosto de sofrimento.

Nada?
Mas, então, se quiser voar
Cadê o avião
Se nada há para montá-lo?

Procurei palavras asas
Mas só havia o reflexo
Do que já estava
E que permaneceu

Alguém me tira desse breu!

Onde está a força para ser eu?
E acender uma luz?



Outras carga pesada, é por que tão só? E por que eu preciso sempre ter companhia, ter conversas? Por que não consigo ser auto-suficiente, independente.


Estou em uma melancolia. Devo confessar que seu amargo é muito mais saboroso que o do medo, no bom sentido. É como se não fosse possível estar muito tempo nela, é uma estação. Enquanto o medo tem um viés definitivo, dominador.

Mas principalmente, sinto que agora tenho mais vontade.

Desculpa, mundo, desabafar. Toda vez que desabafo me sinto culpada por estar incomodando.
Mas o blog é meu! Meu espaço! E de quem quiser ler.

ora, cadê meu humor? sdds

Sobre diabo, e sobre o ego


com esperança




Outro dia eu fui à missa com minha mãe. Apesar de eu ter tido uma criação católica, não me identifico como católica por n razões,sobre as quais não falarei hoje. Mas, mesmo assim, eu fui, pois minha mãe fica muito feliz, e tal. E nessa missa, o padre disse algo que eu preciso falar.

Em alguma hora da missa, nem lembro mais direito qual era o assunto, o padre comentou que "diabo" vem de "dividir", "aquele que divide". E é em torno disso que vou falar.

Começando do princípio.

(eu tenho tanta coisa a dizer que tá até dificil começar!)



A filologia é o estudo das palavras, de linguagem, de textos, sob uma perspectiva histórica e cultural. É como se fosse uma linguísticamais voltada para entender o que se passava na cabeça de quem escreveu textos, principalmente textos antigos, de povos extintos.

Nietzsche era filólogo! Interessante, não?

Existem estudos que procuram entender a forma de pensar de uma sociedade qualquer pelas palavras que elas usam, o significado destas e como e quando eram ditas. Entrando (na minha parte favorita) no cérebro humano, vê-se que ele reconhesse padrões extremamente abstratos, mas que se repentem, e aos quais ele pode ser capaz de definir e dar um nome. Exemplo clássicos: amor, raiva, compaixão, vontade. Estudar a linguagem traz informações desse tipo.

É interessante notar que nem todas as sociedades foram capazes de reconhecer um padrão e lhe dar um nome. Os portugueses, em algum momento, conseguiram definir "saudades" (sdds!) culturamente, e, ao que parece, nenhuma outra linguagem tem uma palavra específica para esse sentimento. Você poderia, quem saber dizer "I miss him, so much..." ou "Il me manque", mas são combinações de outros conceitos para tentar expremir a idéia que os portugueses, e por consequência nós, conseguimos exprimir puramente.

Então, basicamente, o cérebro reconhesse um padrão abstrato e o cortex pré-frontal e/ou o lado esquerdo do cérebro ligam-no a outra coisa, que no caso da linguagem verbal, é uma palavra (poderia ser até uma música, um desenho, uma pintura, o cérebro tem dessas).

"E o diabo, transnonsense?"

Exatamente, vou falar. Em algum momento, um latino ou um grego (a palavra vem do grego, mas poderia até ser que tivesse outra conotação) percebeu que aquele que separa estava causando discórdia e caos. Chamou-o de diabo! Aquele que separa. A partir daí, o termo foi se alastrando.

Infelizmente eu não consigo saber quem e em qual situação primeiro proferiu a palavra "diabo" ao conceito ligado à religião, como uma personificação do mal, e talvez eu passasse o resto da vida pesquisando, então eu vou pular essa parte.

O que aconteceu, é que ao longo do tempo, "diabo" passou a ser isso, a personificação do mal. Visto como um espírito maligno, cuja vontade é tentar as pessoas, causar o ódio e infelicidade.

Mas o que dividir e separar tem a ver com tentações, ódio e infelicidade?
Ta-daaa, cheguei no ponto que eu queria.

Na ocasião da missa, que falei no início, o padre falou que havia divisões entre nações, entre pessoas, entre religiões, mas ele não entrou muito em detalhes. Mas eu digo-lhes que minha interpretação filóloga sobre a etimologia de "diabo" é que há a separação entre o "eu", ou o "ego", e o que há do lado de fora -o resto do mundo; as outras pessoas.

Quase todos os indivídiuos desse planeta se vêem como um indivíduo jogado no mundo. Não têm certeza sobre o que são e quem são, e isso causa uma situação agoniate. Então, o ego, que é sua interpretação de si mesmo, constrói-se, pouco a pouco, com o que é dito-lhe que é bom, e tentando se afastar do que é dito-lhe que ruim. O ego funciona como um personagem, uma máscara para seu dono, que este utiliza para interagir com o resto do mundo. E, basicamente, o indivíduo crê ser seu ego.

O ego de cada pessoa é essencialmente muito parecido. Ele não costuma ter muitas certezas a seu respeito, e como exemplo, é por isso que se você disser a alguém que ele/ela é burro/burra, este pode ficar com raiva. A raiva é um sentimento de agressão quando estamos em algum perigo, mas que, talvez, possamos mudar a situação se agirmos com bastante voluntariedade (antes eu não gostava da raiva, mas depois de perceber isso, fiquei até mais amiga dela, é bom ter essa voluntariedade, um dia falarei sobre). Portanto, o indivíduo, tomado por seu ego, sente raiva!

Confuso?

Os budistas, os hinduístas a milênios já sabiam disso. A meditação é uma tentativa de calar o ego, e de ser o indivíduo em si, o seu próprio dono. Aliás, não ter dono algum. Para essas religiões antigas, o ego é o sofrimento, a cólera, o orgulho, o egoísmo, pois, sem ele, existe a paz, e mesmo a compaixão! (acrescento que a minha própria experiência de meditação confirma isso!)

O ego, em suas dúvidas cheias de sofrimento, também é o responsável pelo orgulho. Orgulho é o sentimento que há quando se está seguro, ainda que momentaneamente, quando nada nem ninguém pode causar dúvidas sobre suas caracteristicas interpretadas como boas. Por exemplo, se um indivíduo acha que ser inteligente é bom e acabou de tirar a melhor nota da turma, ele sente orgulho, pois esse fato do mundo externo faz com que nada que seja dito ponha em risco a situação de que o "o indivíduo é inteligente". Esta situação se repete em ter dinheiro, ser belo, e muitas outras características que, se você observar bem, são quase sempre possuidas por aqueles que estão no comando da sociedade; que tem algum poder sobre os outros.

Quase todos os males desse mundo são causados pelo orgulho. Quando um indivíduo põe outro para baixo, em uma escala consensual da sociedade de poder, o primeiro indivíduo sente-se por cima, sente um orgulho e um segurança de que seu ego está seguro. E, por desgraça da humanidade, para uma grande parte das pessoas, nada no mundo é mais importante do que manter seu ego seguro.

Um outro sentimento que provém do ego é o egoísmo. Etimologicamente já temos uma grande dica, né? O ego só se importa consigo mesmo. Ou você acha que se sua mãe tá correndo risco de vida, e precisa de você agora, você vai pensar "eba, assim vou impressionar meus amigos e minha paixão!". Não, né? Você socorrer sua mãe PORQUE VOCÊ A VÊ COMO UM INDÍVIDUO IGUAL A VOCÊ! VOCÊ A AMA!
(eu espero que ninguém seja tão psicopata de só salvar a mãe por orgulho...)

Se eu, em meu humilde saber dessabido posso dar minha humilde opinião desopinizada, amor é ver que o outro é um ser humano, ou ainda, um ser vivo igual a você:

somos mais propensos a ver aqueles próximos de nós, nossa família, por exemplo, como seres com fraquezas e virtudes como nós. Por isso os amamos. São pessoas, como nós, e suas companhias fazem-nos nos sentirmos bem (até por que somos sociáveis por natureza).
Nossos amigos costumam ser parecidos conosco, pois quando é assim, temos mais facilidade em ver o ser humano cheio de vida neles, do que quando é alguém muito diferente.

Então, o que posso dizer sobre o diabo é que amamos quando somos um, quando somos um no outro, e o outro em nós. E temos desafeto por quem vemos longe, separado de nós, diferente.


E o diabo seria aquele que diz que aquela mulher bonitona com roupas
muito curtas e justas não é um ser humano igual a você. Aliás, ela está na parte ruim do consenso que lhe foi dito, no seu juízo de valores introduzido ao ego. Então, segundo ego, ela é o outro diferente que pode ser humilhado para que o conforto egóico.

Segundo o diabo, o criminoso jamais será um ser humano igual a você, que calúnia absurda pensar isso!

Segundo o ego, o burro é completamente diferente de você, né? Por isso rio dele, o humilho.


Eu sou culpada. Já fiz tudo isso aí.
Mas em algum momento da minha vida eu me senti parte da humanidade. E senti que de Einstein a Hitler, passando por Gandhi, todos o éramos.



O problema é que todos temos um diabo próprio que diz o contrário.



E desde tempos antigos, povos ocidentias já diziam que aquele que separa é o que causa discórdia, o ódio, a infelicidade. Até te leva pro inferno, não é? Não seria aqui mesmo esse inferno?









(tinha colocado uma imagem e um vídeo, mas mudei de idéia. No final, não gostei muito da estrutura do meu texto, teve muita informação)









REFERÊNCIA:
"O Poder do Agora", Eckhart Tolle
(esse livro fala sobre o ego, meditação, referenciado, inclusive, pelo budismo)