sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Mini auto-terapia 2

sobre para aonde vou

Uma vez eu ouvi falar que estar em barco à deriva pode enlouquecer, e que se podem passar dias, semanas meses, sem que nem ventos, nem correntezas movam um barco para outro ponto. E quando se está a bordo de veículo aquático em tal circunstância, e nada se pode fazer para mudar, algumas pessoas começam a surtar.

Eu já passei por algo assim, quando tive que trancar semestres na faculdade, duas vezes. Não tranquei porque quis, mas tive que o fazer. Por razões alheias, eu me encontrava noutra cidade, não conhecia ninguém. Também não trabalhei, nem fiz qualquer curso. Ficava em casa, olhando a internet. Parecia que eu era um fantasma, observando o mundo ao meu redor, sem interagir com ele. Via meus amigos relatando suas rotinas normais, tão comum, tão bom. Enquanto isso, eu estava à deriva, e para não enlouquecer, tive que encontrar a paz dentro mim.

Sem querer, comecei a ler algumas matérias, livros sobre meditação. Aprendi a amar o momento presente, não importando o quanto difícil este o fosse. Fiquei na paz.



Mas e se a paz for tanta que tenha apagado minhas ambições?

E se for o sofrimento que nos move para frente e avante?

Não seria a dor o motor do barco, a insatisfação o combustível, o orgulho e a vontade de ser melhor as engrenagens?

Ou, ao menos, que fossem estes as velas e o leme, e que os ventos alhures importunassem-lhe até que fugissem para águas mais calmas?

E se a calma já se fizer presente?

As velas se derrubam -cupins e descaso desmoronam-as?

Não corro o risco de afundar se vier uma tempestade?



Foi o sermão que levei da minha mãe. "Parece que tu num quer nada da vida, que vida horrível que tu ta levando! O que tu quer do teu futuro?" etc.

Mas é exatamente isso. Perdoem-me, todos, mas desde que estive à deriva e sobrevivi, nada parece me mover. Ou melhor, parece que não me movo por nada. Isso tudo me avagabundou, me deixou ainda mais comparsa da preguiça.

"Que horror, transnonsense!!!"

Por que "que horror"? Vocês, também, ou só querem saber de fofoca ou de pressões sociais de utilidade pública (com perdão à duplicidade, repare bem).


Mas está bem, eu me rendo. Eu admito que não me compraz estar tão envolvida nessa calma, nesta falta de objetividade.

"Se há algo em si que não lhe compraz, você não pode estar em paz"

Tem razão. Nisso há duas questões - a primeira diz que não me incomoda tanto assim, essa calma. A segunda diz que talvez essa paz já tenha ido embora, e agora resta uma inércia; uma preguiça. Ora, se essas velas deixaram de ser utilizadas por tanto tempo, precisam, antes de tudo, de conserto.

Ainda assim, falta-me a cólera necessária para mudar essa situação; falta-me uma voluntariedade; falta-me uma tristeza mais profunda; falta-me mesmo uma boa dose de vergonha na cara!

"Sim, vergonha na cara!"


Ignorando esse comentário, eu sinceramente desconheço solução. Quem sabe o pavor de um futuro sem frutos pudesse me mover?

Ou ter um sonho tão bom, tão puro e honesto que me tirasse do chão e me pusesse a trabalhar para alcançá-lo?


Juro que já procurei um remédio. Parece que não há muita literatura sobre como criar um sonho, apesar de que até há sobre como parar com a moleza. Talvez uma poetiza pudesse me dizer algo como "siga seu coração!". Pois a ele passo a palavra:

"AH MINHA NOSSA, QUE BOM PODER FALAR A VONTADE! Tantos anos em silêncio, tendo que me conformar com a escolha 'sensata'! Hah, agora todos saberão da minha verdade interior!"

"Pois bem, primeiro eu digo algo muito simples: eu sou feliz! Eu sou feliz por poder ver o céu, especialmente quando ele está cheio de nuvens coloridas. Eu sou feliz por ver flores, e até por tirar fotos delas. Sou feliz por sentir cada momento em mim mesmo. Sou feliz por lembrar momentos doces, e por imaginar outros ainda melhores! Sou feliz por sentir o gosto de comidas deliciosas, por sentir cheiros agradáveis e por ver paisagens bucólicas. Sou feliz em meu cerne!"

"E, apesar de sentir dores imensas em ver violências e injustiças, alguns abraços são o suficiente para que eu seja feliz de novo."

"Mas nada me faz mais feliz do que estar e conversar com quem amo! E amo tão facilmente, cada amigo, cada ser, cada sentimento feliz compartilhado, que chega a perturbar minha dona. Mas é inevitável. Eu sou feliz e quero que todos sejam felizes por isso!"

Ah, credo. Meu coração é muito mais feliz que eu. Quem sabe, talvez fôssemos uno nos tempos de infância, e quiçá ainda o sejamos quando em plena natureza e solidão. Sinceramente falando, nada me deixa mais feliz que estar sozinha em um terreno amplo, belo e cheio de vida, de verde. Mas isso é pra outra história.

Mio cuore, existe algo que você realmente deseja, que me faça querer satisfazê-lo parar não o ver triste, amado? E quem sabe, assim, eu posso voltar a me mover avante?

"Eu quero amigos, muitos amigos inteligentes que me amem =D"

...Algo mais?

"Quero que você dê um abraço naquele ~ser~"

Essa eu passo, algo mais, meu querido?

"Eu quero solidão na mata"

Essa já foi, já falei. Caralho, vei, fala algo útil!

"Eu gosto de praia e..."

Coração!

"Ah, eu gostava de física e matemática, era prazeroso... Por que você nunca mais se concentrou direito nessas artes naturais? =3"

É, né? Verdade. Eu não tenho estudado com o coração! Só com a mente. Mas por que? Por que você não se mete no meio e me dá aquele prazer imenso, novamente? Me fazia tirar notas melhores e até querer estudar mais!


"Para me usar, basta esquecer do mundo de fora e estar apenas no presente, seja pensando numa arte, seja sentindo um cheiro; seja criando um poema ou abraçando mamãe! Só se concentre naquilo! Você amará comigo =)"


Ai, coração, te amo!


"Não, eu me amo 8D"


Sim, isso! Lindo coração! Isso, seja voluntarioso, nos guie onde há sucesso!


"Não esqueça de dar 'aquele' abraçooo! heheh... Aproveita e faz um poema, uma música!"


Eu não vou dar abraço, coração. Mas por favor, não desista de mim! Continue insistindo nisso e em tudo mais!




E assim, me sinto sinceramente melhor... feliz!






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