quarta-feira, 5 de março de 2014

Medo e fantasmas

com muita raiva

Certa vez, há quase 10 anos, uma professora minha da escola contou uma história que ocorrera com uma irmã dela.
Elas moravam numa casinha no interior, com alguns irmãos, irmãs e a mãe. A irmã em questão tinha um bebezinho. E esse bebezinho, por vezes, custava a dormir. A fim de fazê-lo dormir de qualquer jeito, a mãe dele girava-o: punha ele no colo e começava, ela mesma, a girar, girar, até que a tontura fizesse o pequeno dormir.
A avó dele se preocupava com isso. Ela dizia que girar um bebê atraia más energias, não se fazia isso. A filha, incrédula, não ligava, e continuava rodando seu bebê no colo.
Até que...
Numa noite, na pequena casa, enquanto todos dormiam, a mãe daquele bebê ouviu alguma coisa e acordou. Ela ouviu, vindo de fora da casa, passos se aproximando. Desesperada, tentou acordar todas as irmãs que também dormiam naquele mesmo quarto. Mas foi em vão. Ninguém acordava.
Os passos continuaram se aproximando. Ela ouviu um vaso, perto da escada que dava para os quartos, quebrar. E os passos se aproximavam vagarosamente...
Completamente tomada pelo medo, sem conseguir acordar ninguém, aquela mulher fez a única coisa que se restava a fazer: cobriu a cabeça com o lençol e pôs-se a rezar, rezar desesperadamente!
Enquanto chorava em suas orações, a pobre moça ouviu a porta se abrir. Passos vagarosos se aproximavam dela. Mas, felizmente, suas orações pareciam ter chamado algum bom anjo. Quando, o que quer que fosse se aproximou da jovem em prantos oradores, ela sentiu que aquilo desaparecera. Timidamente, ela tirou o lençol do rosto e nada viu.
Ela nunca mais girou o bebê.






Não brinquei que foi uma professora minha que contou isso em sala de aula. Antes de dizer o porquê de alguém contar essa história para um bando de adolescentes impressionáveis, eu vou contar quais foram minhas impressões.



Eu fiquei pirada.

Para a sorte do blog, eu me encuco. Eu me encuco com coisas boas e ruins, meio que fugindo da realidade, até não aguentar mais.

Então, eu comecei a me encucar com o seguinte questionamento:
Se girar um bebê invoca um demônio, que outras ações poderiam, também, exaltar entidades do além?

Ora, girar um bebê não tem a menor relação linear com um espírito maligno vir atrás de quem girou. Por que, se tivesse, acho que daria pra compreender rapidamente, não? Será que girar um bebê abre um vórtex invisível para a matéria negra, causado pela respiração do bebê na velocidade de 4,323pi/segundo, que é a frequência do momento das ondas de energia escura, e entre a matéria escura existe um mundo paralelo, e um demônio pode se sentir convidado a tomar um chá com quem girou um bebê, ou entrou pra pescar humanos... ???

Como é que alguém vai saber disso?

(aqui, esse tema é ótimo para o que eu vou continuar a falar, perfeitamente tragicômico!)

 


Girar um bebê invoca um ser do mal. O que dirá então de olhar por debaixo da porta? Com certeza deve agitar os fantasmas!
E se olhar no espelho com um olho de noite? Sem dúvidas deve ser como uma dança da chuva para poltergeists!!!
E atender o telefone sozinha em casa, enquanto come um sanduíche? Essa desperta almas que moram debaixo da casa!
E tomar café encostada na parede entre as 16 e as 24 horas? Pode atiçar os fantasmas beberrões de café, com suas mãozinhas invisíveis botando pó de fantasma no meu café, para sugar minha sanidade!
E pisar em um número ímpar de cerâmicas para se locomover? Ah, essa eu sinto que faz um desencarnado vir atrás de mim!
E se for número par? Deve vir uma alma penada pela frente, mas e se eu só a ver quando a temperatura estiver inferior a 10 graus celsius? E entretanto esse mesmo fantasma está sugando minha energia vital e me fazendo virar um zumbi, mas eu só descobrirei quando morrer?!?!?!?
E, não restam dúvidas, dormir é um verdadeiro suicídio! É quando todos fantasmas vem te olhar e assustadoramente, mas quando você vira para os ver, eles desapareceram! Melhor não dormir, você não sabe se suas atividades corriqueiras do dia não vão despertar um espiríto mau essa noite!!! D=

E eu fiquei um bom tempinho nessa vibe...


Até o dia em que resolvi olhar bem para onde eu "sentia" que havia um fantasma (tipo, atrás da porta, ou mais comum, atrás de mim), fazer uma cara de fúria e dar um soco no ar! Ah!!! Eu briguei com todos os infames fantasmas da minha casa! Nem precisei da minha mãe para isso! (ao contrário, se ela estivesse lá, eles não apareciam).
Mandei todos aqueles fantasmas irem embora! Fiz com tanta fúria, que ninguém nunca mais ousou vir me assombrar! Vão para o inferno! Ou pro céu! Tanto faz, sumam da minha casa! Ou cabeça, tanto faz também!

E, desde então, posso ir ao banheiro e voltar sozinha, à noite, que ninguém se mete comigo. Eles sabem que se arrependerão! Sem vergonhas, esses fantasmas! Ah, também não tenho mais medo de fazer atividades comuns que possam despertar esses bichos do além. Se eu fizer algo que enfureça um desencarnado, ele vai se ver comigo!!! Minha fúria é maior!



No dia em que a professora (de filosofia!) contou aquela história para a sala, ela queria dizer algo como "há muito mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia", e que poderia haver coisas incompreensíveis por aí. Sinceramente, não sei como ela dorme à noite? De qualquer maneira, isso tudo foi a gota d'água para meus medo de situações incontroláveis. Não o tenho mais.

Ainda por cima, ela contou que quando a irmã dela acordou, naquela manhã, o vaso que ela ouvira quebrar estava intacto. Ou seja, foi um sonho!


Ah, imaginação... fazendo surgir fantasmas onde não tem (eu acho)...