sexta-feira, 7 de julho de 2017

Inverno



Há dias que o clima está maravilhosamente invernal. A temperatura nunca passa dos 23 e chega próximo dos 10 graus de madrugada. Um conforto consolador, capaz de apagar das memórias as intepéries do calor do verão. Ainda assim, o céu tem estado azul, ressonando com qualquer alegria que aparecer. Sinto que um perfume que cheira a rosas e mel, quente, feminino e sensual, eleva-me ainda mais ao estado de conforto pleno que já estou sentido. E, para minha sorte, as férias chegaram, dispersando as pressões para os tempos passados. Em suma, dificilmente eu poderia estar mais envolvida em paz.

Faz parte da paz abrir as portas para as melancolias, aquelas visões passivas de que o mundo tem defeitos, os quais eu não posso combatê-los. Uma percepção melancólica que a tranquilidade do momento me sugeriu é que o silêncio de uma paixão escondida pode valer a pena, pois o preço de sua revelação é o desconforto do desconhecido, da dependência do alheio. E nada me parece mais doce que meu próprio perfume lembrar-me de quem está em meu coração, devido aos momentos compartilhados entre nós três: as pessoas e o perfume.

O preço do silêncio, que não é barato, é a melancolia. Quem me dera usar tal abraço como agasalho nesse friozinho. No silêncio, não haverá carinho algum, então uma suave tristeza me acompanhará, enfriando ainda mais minhas mãos enquanto escrevo.

Levá-me, doce calor das cobertas, no sonho dos amores correspondidos e deixa-me lá enquanto as responsabilidades não baterem à porta. Quem sabe se lá não encontro a coragem da saudade do mundo real perambulando nas vontades escondidas, e trago para cá, onde a primavera lhe dará boas vindas.