sábado, 14 de fevereiro de 2015

Tremendouro



Algo ruim aconteceu
Para a Desgraça geral da Nação
inimporta real, falso ou virtual
o desejo é de alambrar as carroças
e plantar velhas palmeiras
com folhas debaixo da roça

Tridentes já são demodé
Quando peçonhas são derramadas em flores,
novelas e bolos
Um pedaço aqui, p'ra você

"não(,) obrigada"

Então se prepara, que irá desconhecer
as velhas calmas feras
"Como é um tapete por baixo"
agora tu vê

Entropia é natural, me vêm,
catalisa sistemas em desajuste
e a ira e a derrota também
Não há nada a se esclarecer

E a inteligência, não ordena?
Qual é sua cadeira,
se temos dois, três, quatro
mil carrascos
a vontade acima do dever
e do bem querer.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Mais um encontro de pensamentos

me encarando


Acredito que eu sempre tenha sido mais complacente com as faltas alheias do que com as minhas próprias, que isso sempre esteve em mim. Mas, mesmo assim, os ensinamentos da vida vem me trazendo mais tolerância com os erros dos outros, com o jeito de ser, com as escolhas e fraquezas. Tenho amigos que lutam para que todos sejam aceitos, e isso tem me influenciado. Além disso, o pouco que já li e vivenciei sobre psicologia também tem me feito mais aberta com as condições, antes talvez irritantes, dos outros. Entretanto, nisso tudo há um problema: eu tenho levado essa paciência a minha própria pessoa.

Entre se aceitar e cultivar seus próprios defeitos e inabilidades tem um invisível, gradativo feixe e perigoso. Eis como me sinto:

Sinto que comecei a observar minha personalidade, desejos, necessidades e interações como um mundo a ser explorado passivamente. Tenho visto-me como um ambiente de observação, sobre o qual eu não devo interagir para não perder minha liberdade. Acredito, também, que somos influenciados pela sociedade a agir de tais e tais modos, então tenho tentado combater as vontades que me parecem de fora, que servem para me adequar ao sistema. Mas pra falar a verdade, tenho falhado nesse último ponto, e não obstante creio que tudo isso tem me atrapalhado a avançar como ser humano.

Tenho ouvido muito meu corpo falar, e adivinha, tenho ouvido "preguiça" muito frequentemente dele. Preguiça, comida, sono, caminhar, sol, deitar. Algo interessante que notei é que eu tenho vontade de comer frutas e outras coisas saudáveis mais do que de comer frituras, e que rapidamente doces me enjoam. Mas também notei que se meu corpo fosse eu (é ou não é?) ele passaria 99% do tempo deitado ou sentado, sem fazer nada. Claro, as vezes dá mesmo uma vontade de caminhar, mas não é muito frequente.

Outra questão, é que tenho tentado ser mais espontânea nas minhas relações sociais. Tenho tido bons resultados, exceto que eu não consigo fechar a boca para expressar minhas opiniões e sentimentos, o que nem sempre colabora. Algo que eu não conseguiria parar de respeitar é a minha vontade de estar só de tempos em tempos. Pessoas acabam me desgastando (de alguma forma, eu estou sempre insegura perto delas).

Mas existem prêmios que o sistema te dá (e o meu ego gosta) se você fizer o que ele quer. Falo dos estudos e trabalhos.

Tenho ouvido muito minhas vontades falarem "ah, nem...", um medinho de falhar insistir "não, não, não, não..." e isso tem me atrapalhado a, por exemplo, fazer trabalhos melhores, começar antes, me concentrar.

Isso era algo impensável para a Transnonsense adolescente, que colocava as vontades do ego no topo das prioridades e tinha um enorme força para se concentrar.

(ainda ouvirão muito eu falar de mim adolescente, minha maior inveja da vida)

Eu estou num mar de complacência para com as minhas fraquezas. Olho para minha insegurança e falo "poxa, tadinha de mim ter que ser confiançaneta... ah, se eu fosse mais confiante, tudo o que eu faria. Penas que não sou".

Outro lado de mim, o que vos fala, está em pânico! Tudo o que esse meu eu auto-piedoso vem fazendo está me afastando não apenas de mim, como dos meus sonhos. O que é isso que vem me levando para essa maré da mediocridade? Quanta vergonha que o resto da minha eu adolescente não sente?

Eu acredito que tenhamos todos que estabelecer objetivos, para alcançá-los. E quando tivermos medo, que aceitemo-os até desaparecerem, e não irmos tomar chá e fazê-lo objetos de estudo. A não ser que esse seja seu objetivo, estudar o medo.