sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A Fronteira Final - Hipocrisia

e o insurreição da Indiferença


Como funciona o debate entre duas pessoas com idéias antagônicas? Teoricamente é dado um argumento por A, rebatido por um argumento de B, rebatido por um argumento de A, rebatido por um de B... Um dos finais possíveis desse ping-pong é quando alguém é acusado de hipócrita. Segundo esse "argumento" (falácia do Tu quoque), não se pode defender uma ideia sem praticá-la. Seja quem for que foi chamado de hipócrita, para tentar manter-se na discussão, pode forjar uma justificativa (provavelmente enorme) sobre o motivo de não ser em hipotese alguma hipócrita. É o que normalmente acontece.

Mas por que não admitimos nossa possível hipocresia? Por que não podemos defender uma situação hipotética sem termos que a vivenciar rigorosamente?

Quais são os perigos de ser hipócrita?

O que vem antes, a injúria da hipocresia ou o argumento defendido? Se o argumento defendido veio depois do medo da hipocresia, qual é a validade dele?



Certa vez eu li um texto (não lembro qual nem onde) que dizia que nossa consciência é extremamente moralista. Não fazemos nem dizemos nada que nos deixe culpados à luz da nossa própria consciêcia. Porém, cada pessoa possui uma consciência com moral e valores distintos, por isso algo que me deixe culpada pode não ser algo que deixe outros culpados. Enquanto eu escrevo, me pergunto qual é o sentimento de ser hipócrita e não me parece ser outro que a culpa. Foi-se contra as crenças, logo se é hipócrita, sente-se culpado. Sob o aspecto de culpa, eu entendo perfeitamente que se evite ser hipócrita -niguém quer se sentir culpado. 

Por isso mesmo, para evitar a culpa e a taxação de hipócrita, tem-se duas opções: muda-se ou as ações ou a visão e argumentos até que não se tenha mais culpa a se sentir. Um exemplo muito comum é defender uma visão de esquerda sem ser pobre. Enquanto uns chamarão esses de "esquerda caviar" e alegarão hipocresia, quem é acusado se defende ou adotando um estilo de vida mais humilde ou encontrando um entre vários argumentos que o defendam ("ser de esquerda não é voto de pobreza", "foram os russos que criam essa tecnologia daqui" ou qualquer outra coisa).

Entretanto eu defendo que exista outra forma de se colocar diante disso: admitindo a hipocresia e evitando a culpa. Mais ou menos nos ares de "sou hipócrita mesmo e foda-se, ninguém tem nada a ver com isso". Admitir uma falha de caráter integralmente te livra da culpa de tentar escondê-la de si mesmo e dos outros, até que a culpa desapareça. Nesse ponto em diante, se é livre para argumentar com mais lógica do que com o medo de ser pego em flagrante da hipocresia. Reduz-se um sistema de pensmento sem as justificativas necessárias da defesa pessoal. Enfim, a verdadeira liberdade de argumentação. Reservo me, porém, ao direito de avisar os riscos dessa abordagem.

O medo da hipocresia é a última fronteira antes de nos assumirmos qualquer coisa que tenhamos vergonha. Agora, levante a mão quem nunca evitou ser tido como mau caráter, como pessoa ruim, como fdp, como afilhado do caipiroto, como arrogantizinho de merda ou qualquer outro exemplo carinhoso. Não queremos ser assim, costumamos nos entender como pessoas dignas de compreensão e apreço, e se possível queremos estar acima do mal para criticá-lo. Caso não estejamos realmente certos disso, apenas atacamos quem ousar questionar nossa moral imaculada, nem que digamos que são chatos.

Uma vez dito isso "ok, sou um hipocritinha arrogante..." estar-se-á livre para afirmar "bem, então eu sou mesmo uma pessoal cheia de inveja, insegurança e agressões e de quem eu mesmo não teria misericórdia e compreensão" e por fim "tá bem, podem me criticar, de agora em diante eu sou indiferente aos questionamentos da minha moral!". A frieza da liberdade, para que se preocupar se não se é aceito quando já se sabe que não o é?

Quando se tem algum apreço à vida alheia, eu admito que esse tipo de pensamento é apenas um conforto extra. Ser hipócrita e questionável é apenas um efeito colateral do egoísmo espontâneo do ser humano, e muitas vezes preferível à ao argumento defendido. Contudo, creio que eu me preocupe com qualquer um desprovido de empatia e que tenha essa liberdade. O que seria do mundo cheio de pessoas conscientemente más e livre de culpa? O mundo onde o ódio injustificado não teria advogados para defendê-los com um argumento diferente do "quem odeia, odeia pois o quer", sem envolver religião, cor, nacionalidade e etc. com isso. "Mas não odiamos todos?" questiona o advogado, "não deveríamo estar todos presos, tendo em vista que somos todos em algum nível cruéis?" e se pensarmos bem, se a prisão é o lar dos criminosos, talvez seja o caso do mundo inteiro ser a maior prisão que conhecemos.


quarta-feira, 13 de julho de 2016

Sobre sentimentos

ou seria sobre a fome?


"Tem alguns detalhes desse quadro que eu nunca tinha percebido, que nem essas janelas", comentou minha mãe.

"Eu adoro olhar janelas de casas em quadros
. Eu sempre imagino que dê para ver alguém comendo lá dentro das janelas", respondi.

Como eu já estava no clima reflexivo, me indaguei por que eu sempre me encanto com figuras humanas fazendo refeições, mesmo que essas só existam na minha imaginação. De fato, imaginar uma família, ou mesmo apenas um indivíduo comendo em suas casas, em cafés me faz acalentar meu coração; me transmite uma sensação de conforto, de carinho; um aconchego cotidiano. Me fez pensar como me parece romântico, talvez até transcedental, sentar-se a uma mesa para a agradável e necessária ação de comer. Que bom que existem esses momentos até hoje!

Até hoje? Ora, não creio que existirá um momento futuro onde não haja refeições, não? Isso pois precisamos comer, e mesmo que em algum tempo futuro tenhamos que reduzir nossos prazeres gustativos por razões práticas, certamente ainda haverá um consenso que comer boas comidas é prazeroso, tentaremos conservá-lo.

Talvez seja tão acalentador a ideia de uma refeição confortável exatamente por causa do consenso que existe. Ainda não conheço alma que questione o prazer de comer, mesmo que tenhamos gostos, necessidades e prioridades diferente em relação a comida. Essa certeza de que se pode ser alegre, que se pode relaxar, de que não será julgado por esse prazer de comer torna o ato ainda mais confortável. O que pode ser mais doce do que dividir uma necessidade e um acalanto com toda a humanidade, indiferente dos tempos e dos lugares? É uma grande comunhão contínua da espécie.

Continuei refletindo sobre isso. Será que há outra atividade, sentimento ou sensação igualmente compreendido por todos nós? Se comer parece tão romântico, não seria de se estranhar que também o amor romântico também o fosse. Entretanto existem sim aqueles que se opõem à livre circulação desse sentimento -tanto dentro deles mesmo quanto ao redor (eu mesma já fui uma que tentei negar isso, mas em uma idade que talvez não deva ser lavada a serio).

Há ainda o sentimento de pátria, de família, que, por terem sido exageradamente glorificados, hoje são evitados por algumas pessoas. Paixões diversas, como paixões por música, por artes, por filosofia são tidas como heresia por cristãos que pregam que paixões sejam desvios do caminho de Deus. Em suma, existem juízos de valores sobre o que podemos (ou não podemos) sentir. Naturalmente, isso já não é novidade, mas eu gostaria de frisar a falta de grandes paixões, de grandes entregas, de grandes rituais.

Há muitas gerações atrás, a ideia do Romantismo de se entregar por alguma paixão foi considerada abominável. Existe sempre alguém a desprezar certo sentimento, certa conduta. E essas críticas são totalmente dignas e necessárias! Felizmente elas existem e mantém uma evolução de ideias. Contudo, críticas geralmente não são verdades absolutas e mesmo se fossem, eu pergunto: por que resistimos tanto em nos entregar a um sentimento, sensação? Por que não podemos lidar com o amor, com o orgulho, com um devaneio, com uma aventura, com uma música como lidamos com as nossas refeições - onde encontramos a paz, o conforto e a comunhão da nossa espécie.

Eu acredito que ainda haja muitas pessoas que estão empenhadas em transformar uma experiência, uma sensação em algo transcendental, indiferente do que isso seja, se trará dores ou se será alvo de sacarsmo. Creio que não haja companhia mais apropriada para um momento de silêncio do que os encantos de uma paixão. Mas quiçá o momento em que passamos como sociedade não seja o mais apropriado para um sentimento tão... tão impagável!


A verdade é que, como escritora desse texto, eu procuro uma justificativa para dar vazão às paixões que estão cerradas no meu coração, que têem medo de sair e serem desrespeitadas por olhos alheios. Acho que gostaria muito que todos se desmanchassem por suas sensações como estou prestes a fazer. Gostaria que houvesse mais comunhões dignas, tais quais as refeições que tanto prazamos em fazer.

...

"não estaria eu sendo ingênua e desmerecendo o equilíbrio e cedendo espaço ao fanatismo?"

Para isso, eu tenho a seguinte convicção: acredito que o equilíbrio seja dinâmico. Estar em um momento fanático faz parte de estar em um momento vazio. Enquanto mudamos estamos balanceados.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A tal da Autoconfiança



Faz tempo que me permeia na cabeça falar sobre autoconfiança, mais especificamente do que condiz sobre a fé que nós temos em nós mesmo em as nossas capacidades (ou a falta de fé)

Vou começar me citando e cituando nisso tudo. Quando eu era criança, eu tinha plena confiança nas minhas capacidades, sabia que com treino e concentração eu poderia atingir todos meus objetivos. (Claro, talvez isso tenha sido influência dos diversos animes que eu assistia, mas isso é indiferente, pois, afinal de contas, eu conseguia de fato atingir meus objetivos).

Quando eu estava no terceino ano do ensino médio, sendo um nerd esquisitinha com belas notas, eu percebi que eu gostava de estudar, e o que eu mais queria era estudar para sempre, ou em outras palavras, ser pesquisadora, ser acadêmica. Passaram-se alguns anos e admito que não consigo me despreender dessa ambição. Entretanto, diferentemente do meu Eu do passado, eu não acredito mais que eu seja capaz -eu simplesmente não me acho mais inteligente o bastante; eu reprovo matérias, estudo, estudo e fracasso; às coisas nem sempre entram na minha cabeça. Eu compreendo que essas coisas acontecem com outros alunos no meu curso, porém ainda afeta minha autoestima, minha autoconfiança. Mas o que eu posso fazer quanto a isso?

Eu já conversei com inúmeras pessoas sobre isso, entrei em vários aspectos do problema, tentei entender de todas as formas, padronizar o sucesso e o fracasso. Para mim, uma diferença entre a Eu do passado e a de agora, é essa total falta de autoconfiança. Esta resulta no seguinte padrão de pensamentos subconscientes:

"talvez, quiçá se eu me concentrar muito nisso aqui para entender, eu compreenda tudo. Mas se eu me concentrar e não compreender, significa que eu não sou capaz de nada e mereço toda a humilhação do mundo, toda a desgraça, toda a inglória! Melhor não me concentrar para não correr esse risco..."

Às vezes até compreendo um pouco, aí resolvo que mereço um descanço, um prêmio, mas isso é mérito para outra postagem.

Em contrapartida, meu Eu da escola resolvia essa mesma questão do seguinte modo:

"ah, deixa eu pensar, processar isso aqui... ... ... ... ... ... ... ... Pronto! Curti, quero mais!"

-Porque, afinal, se concentrar dá trabalho, mas é gostoso!

Parece simples de se resolver, mas acho que eu perdi a prática também, não apenas a autoconfiança. Mas, como eu havia dito, eu falei sobre essa condição com várias pessoas. E isso é um problema!

O primeiro problema é que boa parte das pessoas não sabe do que eu estava falando. Também podera, não é um assunto recorrente sobre como uma jovem adulta enfrenta os problemas psicológicos da vida acadêmica. Antes fosse de relacionamento ou de beleza, mas isso não vem ao caso.

O segundo -e grande- problema é que uma parte maior ainda das pessoas trava o seguinte diálogo contigo:

"Ora, ora, ora... você, com problema de autoconfiança, heheheh... venha cá, me dê sua mão e eu lhe apresentarei os confins do inferno da dúvida!" - diz aquela amizade de confiança

"Mas, mas... eu não quero ir para o inferno..." - você balbuceia de volta

"Minha querida, no inferno você já está e para sempre, só me ofereci para mostrar os confins, os cafundós, os becos, pois eles eu já conheço e de lá nunca sai, hahahahah!" - lhe responde

(aqui cabe a curiosidade que se você tivesse se aberto a um estranho, seria mais provável que esse estranho não tivesse diminuido ainda mais sua autoconfiança, pela estranha razão de que pessoas estranhas possuem uma áurea, um mistério que as torna perfeitas, enquanto que sua melhor amiga não apenas já peidou na sua frente, demonstrando a desclassificada posição de humana dela, como também já lhe confessou outros segredos que a fizeram parecer com você mesma, outra reles humanóide)

Nós somos maus! Nós nos prestamos em jogar quem tá por baixo ainda mais ao fosso! E fazemos isso porque nós compartihamos dessa desgraça! Isto é, quem não tem autoconfiança, não pode oferecer confiança ao demais.

Contudo, mantenhamos a calma, nem tudo são trevas!

Se tivermos a tal da autoconfiança, saberemos elevar os ânimos alheios. O que pode ser mais caridoso do que dizer a sua amiga "VEI, tu consegue, sua linda!" -quando realmente se quer dizer isso, com a sinceridade genuína de quem acredita pela própria experiência?

Autoconfiança, meus amigos, extrapola os egoísmo do sucesso: esta é uma grande solidariedade!

Se eu ousasse fazer afirmações absolutas superlativas, diria que ser autoconfiante é a melhor coisa que alguém pode ser ao próximo!

(lembrando que se trata sobre a autoconfiança da serenidade da certeza, e não a arrogância da insistência em si mesma num terreno duvidoso. Arrogância, apesar de sexy, é uma mentira, uma pretenção à autoconfiança, por isso não poderia elevar outros espíritos a grandes realizaçãos, ao menos não espíritos aos quais não se tem suficiente respeito. Mas é atraente, vai entender)

Então, leitora, espero que você dê todo o carinho do mundo à sua autoconfiança, para que ela cresça forte, saudável e fértil! Porém, isso me faz relembrar... como eu resolvo o problema da minha vida acadêmica e recrio essa tal de autoconfiaça?

Creio que, como tudo na vida, é melhor ir devagar. Minha meta para tanto é criar pequenos desafios e toda vez que um desafio for resolvido, a autoconfiança cresça sozinha. Por isso, talvez eu recomece com desafios realmente pequenos lá na universidade...

De qualquer forma, eu não desistirei. Até porque isso não é mais uma questão apenas sobre mim mesma. Agora eu faço por todos que cruzarão meu caminho!

sábado, 30 de janeiro de 2016

Despoesia

Resolvi olhar do que eu sofria


Sofro de
  • necessidade de sofrimento para criar soluções para os sofrimentos
  • falta de criação quando sem sofrimento
  • excessiva densidade de intensidade de mim mesma
  • falta de compaixão com a superfície das coisas
  • análise compulsiva
  • choro por excesso de beleza
  • piada por excesso de tristeza
  • excessiva seriedade em ideais
  • ideais exessivamente elevados
  • excesso de vontade de beijar músicas
  • impossibilidade de ser uma música (não musicista) e me juntar às outras músicas
  • procastinação
  • falta de uma paixão humana para levar no bolso e olhar no ônibus, no mercado e no teto
  • falta de esperaça em paixões humanas
  • excesso de medo por paixões humanas
  • excesso de força irresoluta
  • saudades de certezas
  • irreconhecimento de auto-merecimentos
  • atração inútil por vestidos, perfumes e flores em vasos
  • rebeldia em frente ao Universo
  • rebeldia em frente às poesias
  • dúvidas do momento presente
Talvez eu esteja grávida de uma nova forma de viver. Vamos aguardar os resultados.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

2016

As minha reais resoluções de 2016




Oi, blog, quanto tempo! Tava com sdds...

Enfim, nem sei por onde começar... ontem eu tive uma penca imensa de revelações, as quais minha mãe ajudou a catalisar ao me dar um sermão, por incrível que pareça. Eu vou começar dizendo que não vou mais me sentir culpada, que não vou mais me freiar por causa dos privilégios que tenho.

Durante os últimos 3, 4 anos, eu comecei a me sentir muito mal por ter privilégios que outras pessoas não tem: família estruturada, casa, conforto, oportunidade de ir pra faculdade, de estudar, de me vestir bem... uma infinidade de coisa que não contemplam, infelizmente, grande parte da população do Brasil (e de quebra do mundo).

Pois é, mas eu não vou mais provocar esse desconforto propósital em mim, e desejar que eu não tivesse esses privilégios para que o mundo fosse mais justo. Vei, na boa, não vou cortar fora minhas pernas por que tem gente que não tem pernas. Sequer existe um "balanço geral" de justiça no mundo. É a vida - se eu puder correr por aí e subir numa árvore com minhas pernas, posso buscar uma goiaba pra quem não pode com as próprias pernas.

"ah, mas esquerda caviar"

deixa de ser ruim, deixa os outros crescerem de onde estão, e não do zero, oh inimigo imaginário de moral auto distruidora. INIMIGO. Não manda em mim >:(

É essa questão moral... se vc pode matar uma pessoa pra salvar 4, ou vc pode matar as 5 e não ter que se decidir, vc vai matar todo mundo pra ser mais justo? Anjos se curvarão diante da sua justiça, oh grande sabedoria.

Pois é, o mundo posse ser injusto. E para melhor (eita, que grande revelação! Nunca tinha pensado nessas palavras)

Isso, evidentemente, não exclui que eu continue a ficar do lados dos oprimidos. Na verdade, não muda quase nada, só tira o peso da minha consciência =p


Aliás, hei de requerir outros privilégios que abri mão. Um deles é ficar em paz, e não espalhar a discórdia onde já está caótico.

Eu já sei quem vai ouvir o que tenho a dizer, minhas opiniões, e quem não. E grande parte das pessoas não está disposta a abrir mão de suas convicções nem por empatia, nem por lógica. Eu não devo brigar com elas, pelo contrário. Vou trabalhar meu psicológico para que eu possa espalhar a minha (futura) paz interior ao meu redor. Alguém foi ruim comigo? Pois vá em paz; que o amor do Universo acalme a ignorância do seu coração.

"Ah, mas foi criada numa família estruturada, claro que essa paz é um privilégio, não tenho obrigação de ficar na paz"

Eu não tenho obrigação de sair dessa paz, mas eu acredito, de fato, que o exemplo é o único professor confiável nesse mundo barulhento. Pois é, de novo a história das pernas que eu tenho.


...


Parece desnecessário todas essas resoluções, mas eu li tantos textos que me deixaram me sentindo mal por ter coisas que os outros não tem... Mas meu sofrimento proposital NÃO É ÚTIL, pelo contrário, vai compactuar com a disseminação de raiva pelo mundo. E se não é legal ver polícia com raiva, pode crer que também não é legal ver não polícia com raiva. Sei lá, cidadões, se vcs quiserem fazer de mim uma inimiga, tbm, vou ter que aceitar "/

Falando em compactuar, eu sinto muito, mas vou ter que aceitar que eu estou num sistema social e compactuar com ele para que nós dois saiamos ganhando. Quem nem as pernas, sabe? Eu tenho duas pernas por motivos incompreensíveis e transcendentais de que a minha consciência está atachada a um corpo humano, que costuma ter duas pernas. Bem, eu poderia me rebelar contra esse sistema fisiológico e, em vez de me locomover como uma humana bípede normal, saír por aí rolando deitada. Eternamente. Mas, por favor, EU NÃO QUERO!

Eu acho maneiro estudar, me envolver com coisas produtivas e tal. Inclusive, eu me sinto mal se eu to vivendo sem um objetivo futuro, onde o presente esteja lá como um caminho a se construir. Pois é, vou utilizar essas pernas pra correr e, mais precisamente, correr avante.

Pois é, tem algumas pessoas que afirmam que devemos curtir mais a vida. Mas curtir a vida, pra mim, não é só entreterimento efêmero e sem objetivo. Nunca foi, sempre curtir correr atrás de algo. O que me faz lembrar...

Tenho que parar de acreditar que os outros estão sempre certos e eu sou uma completa louca sem-noção que não sabe de nada.

Não. Inclusive, muito pelo contrário, no que condiz ao o que eu quero, só eu posso dizer o que é bom pra mim. Experienciar a vida em festas e todas essas coisas, só de vez em quando. Nem curto. Tem gente que me diz que um dia eu vou aprender a gostar, pois até agora já se passaram anos e até hoje, a única coisa desse universo que me agrade é beber vinho =p Podem ficar com essa história de festa, drogas, bebida, pegar geral... sério, não quero.

"ah, mas sua careta"

Quando eu era pequena eu chorava vendo Video Cassetadas do Faustão. Eu não me sinto bem até hoje vendo acidentes alheios. Respeita meu conforto, porra!


Mudando de tópico: auto-confiança. Eventualmente, eu vou escrever pq que auto-confiança é benéfica não somente a quem a tem, mas como tbm às pessoas ao redor de quem tem. Ela está onde o ego não está. Eu quero sair do meu ego e viver onde estiver essa auto-confiança. Nos últimos tempos eu tenho me doido muito com essa falta de fé em mim mesma. Pretendo mudar isso.


Outro tópico: amor romântico. Diferente de todo o resto do universo, onde o foco no objetivo e a luta lhe resultarão a vitória, amor é uma experiência: você o vive, e talvez quem vc ame tbm o vivêncie por vc, mas talvez não. Nem todo mundo tá preparado pra ver o amor nas pessoas. Diria até que o amor é perceber que o outro existe. Aliás, isso dificulta um pouco essa área do amor romântico pra mim, pq esse é um amor que se diferencia do amor desinteressado, pq vem acompanhado de atração física. Ou não. Eu confundo tudo, às vezes só amo, sem saber q amor é...

O importante, pra mim, é evitar paixões platônicas. Eu coloco muita energia, muito tempo em cima delas e costumo me machucar. Teoricamente, é só não se apaixonar pela pessoa recriada na imaginação, que é parecida com a pessoa do mundo real, mas não a é. Ou seja, não se deve criar expectativas, mas sim se apaixonar na realidade, com a vivência do outro. Ainda assim, se eu me machucar, bem, pelo meno eu tentei uma nova abordagem, acho que dessa vez vai dar certo... lembrar que o amor é esse fluxo de energia entre as pessoas...


Última coisa: divertir-se estudando. É possivel, claro -era legal na escola =3


Pronto. Depois de várias reticêncas, me dei por satisfeita. Essas são minhas resoluções.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Tremendouro



Algo ruim aconteceu
Para a Desgraça geral da Nação
inimporta real, falso ou virtual
o desejo é de alambrar as carroças
e plantar velhas palmeiras
com folhas debaixo da roça

Tridentes já são demodé
Quando peçonhas são derramadas em flores,
novelas e bolos
Um pedaço aqui, p'ra você

"não(,) obrigada"

Então se prepara, que irá desconhecer
as velhas calmas feras
"Como é um tapete por baixo"
agora tu vê

Entropia é natural, me vêm,
catalisa sistemas em desajuste
e a ira e a derrota também
Não há nada a se esclarecer

E a inteligência, não ordena?
Qual é sua cadeira,
se temos dois, três, quatro
mil carrascos
a vontade acima do dever
e do bem querer.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Mais um encontro de pensamentos

me encarando


Acredito que eu sempre tenha sido mais complacente com as faltas alheias do que com as minhas próprias, que isso sempre esteve em mim. Mas, mesmo assim, os ensinamentos da vida vem me trazendo mais tolerância com os erros dos outros, com o jeito de ser, com as escolhas e fraquezas. Tenho amigos que lutam para que todos sejam aceitos, e isso tem me influenciado. Além disso, o pouco que já li e vivenciei sobre psicologia também tem me feito mais aberta com as condições, antes talvez irritantes, dos outros. Entretanto, nisso tudo há um problema: eu tenho levado essa paciência a minha própria pessoa.

Entre se aceitar e cultivar seus próprios defeitos e inabilidades tem um invisível, gradativo feixe e perigoso. Eis como me sinto:

Sinto que comecei a observar minha personalidade, desejos, necessidades e interações como um mundo a ser explorado passivamente. Tenho visto-me como um ambiente de observação, sobre o qual eu não devo interagir para não perder minha liberdade. Acredito, também, que somos influenciados pela sociedade a agir de tais e tais modos, então tenho tentado combater as vontades que me parecem de fora, que servem para me adequar ao sistema. Mas pra falar a verdade, tenho falhado nesse último ponto, e não obstante creio que tudo isso tem me atrapalhado a avançar como ser humano.

Tenho ouvido muito meu corpo falar, e adivinha, tenho ouvido "preguiça" muito frequentemente dele. Preguiça, comida, sono, caminhar, sol, deitar. Algo interessante que notei é que eu tenho vontade de comer frutas e outras coisas saudáveis mais do que de comer frituras, e que rapidamente doces me enjoam. Mas também notei que se meu corpo fosse eu (é ou não é?) ele passaria 99% do tempo deitado ou sentado, sem fazer nada. Claro, as vezes dá mesmo uma vontade de caminhar, mas não é muito frequente.

Outra questão, é que tenho tentado ser mais espontânea nas minhas relações sociais. Tenho tido bons resultados, exceto que eu não consigo fechar a boca para expressar minhas opiniões e sentimentos, o que nem sempre colabora. Algo que eu não conseguiria parar de respeitar é a minha vontade de estar só de tempos em tempos. Pessoas acabam me desgastando (de alguma forma, eu estou sempre insegura perto delas).

Mas existem prêmios que o sistema te dá (e o meu ego gosta) se você fizer o que ele quer. Falo dos estudos e trabalhos.

Tenho ouvido muito minhas vontades falarem "ah, nem...", um medinho de falhar insistir "não, não, não, não..." e isso tem me atrapalhado a, por exemplo, fazer trabalhos melhores, começar antes, me concentrar.

Isso era algo impensável para a Transnonsense adolescente, que colocava as vontades do ego no topo das prioridades e tinha um enorme força para se concentrar.

(ainda ouvirão muito eu falar de mim adolescente, minha maior inveja da vida)

Eu estou num mar de complacência para com as minhas fraquezas. Olho para minha insegurança e falo "poxa, tadinha de mim ter que ser confiançaneta... ah, se eu fosse mais confiante, tudo o que eu faria. Penas que não sou".

Outro lado de mim, o que vos fala, está em pânico! Tudo o que esse meu eu auto-piedoso vem fazendo está me afastando não apenas de mim, como dos meus sonhos. O que é isso que vem me levando para essa maré da mediocridade? Quanta vergonha que o resto da minha eu adolescente não sente?

Eu acredito que tenhamos todos que estabelecer objetivos, para alcançá-los. E quando tivermos medo, que aceitemo-os até desaparecerem, e não irmos tomar chá e fazê-lo objetos de estudo. A não ser que esse seja seu objetivo, estudar o medo.